São Paulo, terça-feira, 31 de julho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

balanço

Co-Rio ignora erros no Pan e diz que faria tudo igual

Apesar das críticas em relação a ingressos e instalações provisórias, Nuzman afirma não se arrepender de nada

Organização credita quebra de 123 recordes à comida servida na Vila e cita que toda a receita arrecadada será usada no final das operações

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Em sua avaliação final sobre o Pan, o Co-Rio, comitê organizador dos Jogos, ignorou as falhas ocorridas durante o evento e considerou bem-sucedidas as operações. E repetiu que pretende realizar uma Olimpíada.
A apresentação não mencionou problemas relacionados à venda de ingressos, às instalações esportivas provisórias, ao despreparo de voluntários e ao comportamento da torcida. Também não foi citada a multiplicação por nove dos gastos previstos com a competição, que custou R$ 3,7 bilhões.
Quando questionada sobre esses fatos, a diretoria do Co-Rio minimizou-os e culpou terceiros. Ressaltou méritos, como o sistema de transporte, as instalações esportivas, a segurança e o funcionamento das competições. Até atribuiu a quebra de 123 recordes pan-americanos à comida da Vila.
"Não temos arrependimento de nada. Faríamos tudo igual se começasse de novo", afirmou o presidente do Co-Rio, Carlos Arthur Nuzman, que só admitiu pequenos problemas na venda dos ingressos.
Em relação a isso, por exemplo, o comitê informou ter registrado só 0,3% de bilhetes devolvidos, ou seja, 3.395 pessoas do total de cerca de 1 milhão que compraram entradas.
Só que houve diversas reclamações de pessoas que compraram ingressos pela internet e não os receberam, de mudança de horários em jogos, de desrespeito à numeração e da presença de cambistas. O próprio Co-Rio indica que foram instalados dois Serviços de Atendimento ao Consumidor extras durante os Jogos.
O relatório do comitê diz que não houve incidente com a torcida. "O único problema foi na tribuna de honra, com dirigentes que foram descredenciados", disse o secretário-executivo do Co-Rio, Carlos Roberto Osório, sobre a briga de cartolas e atletas brasileiros e cubanos na arena do judô. Nesse dia, torcedores jogaram objetos na área de competição, o que levou os árbitros a deixarem o local..
As vaias da torcida foram uma constante na competição, inclusive em esportes como a ginástica, que exigem concentração. Até atletas brasileiros reclamaram. "Foi uma minoria. É questão evolutiva", disse Nuzman, condenando as vaias.
As instalações esportivas tiveram destaque, segundo os cartolas. Ressaltaram elogios de estrangeiros às instalações.
"O único problema foi com o softbol e o beisebol, porque uma ventania fora do comum atingiu o Rio e danificou as instalações", explicou o dirigente, que também preside o Comitê Olímpico Brasileiro. As chuvas encharcaram o campo, o que adiou o beisebol e impediu a realização das finais do softbol.
Já as pistas de BMX e mountain bike, no morro do Outeiro, ficaram em estado precário.
Voluntários, que não sabiam dar informações, tiravam fotos com atletas e até usaram as instalações do Pan para competição própria, foram exaltados. "Talvez a operação mais bem-sucedida do Pan", disse Osório.
Diferentemente do que o Co-Rio havia cogitado antes, não sobrará receita dos Jogos para ser devolvida aos cofres públicos. Ainda não há um número final de arrecadação, mas tudo será gasto com o final das operações, segundo o comitê.
A receita líquida dos ingressos foi de R$ 17 milhões. A audiência chegou a 1 bilhão de pessoas, reflexo do sucesso da competição, disse o Co-Rio.


Texto Anterior: Day after: Atletas da seleção americana de basquete aproveitam o dia livre
Próximo Texto: Em Copacabana, guatemaltecos fazem escambo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.