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Técnico faz de todos os treinos uma competição
"Amigo e pai", Brett Hawke foi benzer os óculos do brasileiro no Vaticano
Recordista mundial divide as dicas do australiano com outros destaques do Mundial, como Bousquet,
3º colocado nos 100 m livre
Patrick B. Kraemer/Efe
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Cielo, à frente, e o francês Bernard duelam pela ponta
na final de ontem, em Roma
DA ENVIADA A ROMA
O homem que ensina ao
mundo o que é velocidade na
piscina vê em César Cielo um
apaixonado, capaz de choramigar por migalhas no treino, mas
também de superar limites para ser cada vez mais veloz.
O australiano Brett Hawke é
peça fundamental na carreira
do brasileiro. E, em Roma, tem
mostrado ainda mais sua habilidade em lapidar velocistas.
O comandante da equipe de
Auburn (EUA) colocou ontem
no pódio dois de seus pupilos.
Os mais rápidos do mundo.
César Cielo se consagrou ao
bater o recorde dos 100 m livre,
46s91. Fred Bousquet, francês,
levou o bronze e detém o recorde dos 50 m livre (20s94).
"Esses caras são muito talentosos. Muito mais talentosos do
que eu fui", disse Hawke, que
chegou à final dos 100 m livre
nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004 e ficou em quinto.
"Acho que o segredo de nosso
programa de treinamento é
juntar a experiência dos anos
de nadador, usar a experiência
do passado e colocar o meu toque nisso. E ter atletas talentosos contribuiu muito."
Pela segunda vez em um importante torneio internacional,
Brett Hawke integrou a equipe
brasileira. Ele já havia ido com
Cielo à Olimpíada de Pequim.
Na equipe norte-americana
que participa do Mundial de
Roma, emplacou quatro competidores. Tem também nadadores de Paraguai, Bahamas,
Austrália, Croácia, Trinidad e
Tobago e Dinamarca.
Mark Gangloff, dos EUA, que
treina em Auburn, foi bronze
nos 50 m peito, prova em que o
brasileiro Felipe França ficou
em segundo lugar.
Hawke costuma dizer que
um dos segredos para o sucesso
de seus velocistas é ter os melhores do mundo juntos na
mesma piscina. Cada treinamento é como uma competição. "Eles [Bousquet e Cielo]
dominam um ao outro todo dia.
E você precisa separá-los. Temos outros caras no grupo, eu
tento criar a competição contra
esses também para que os dois
se sintam fortes e rápidos. Nadar um contra o outro, com um
sempre na frente, não seria
bom para nenhum deles", afirmou o técnico australiano.
Quando Bousquet bateu o recorde dos 50 m livre, muitos
críticos afirmaram que ele não
seria capaz de atingir a marca
sem seu maiô, um Jaked. Hawke imediatamente o defendeu.
Ontem, foi a vez de defender
o feito de seu pupilo brasileiro.
"Ele nadou mais rápido. Não
acho que o recorde sairia de um
atleta com um LZR Racer, que
hoje não é o traje mais rápido",
disse, em referência à peça da
Speedo que foi sensação nos
Jogos de Pequim-2008.
"O maiô te ajuda, mas, mesmo assim, os melhores atletas
ainda estão ganhando. Não tenho dúvidas disso. Allan [Bernard] e Fred [Bousquet] iriam
concordar com isso. César é o
melhor do mundo", afirmou.
Cielo diz que Hawke cuida
dele como amigo, pai e treinador. Uma amostra disso foi o
gesto do australiano antes do
início do Mundial. Levou os
óculos de natação do atleta à
Basílica de São Pedro, no Vaticano, e os pôs na água benta.
"Isso significou muito para
ele. César é muito emocional,
"chora" muito nos nossos treinos, mas trabalha duro na água.
No fim das contas, é muito
apaixonado pelo que ele faz. Esse é César."
(MARIANA LAJOLO)
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