São Paulo, sexta-feira, 31 de julho de 2009

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Técnico faz de todos os treinos uma competição

"Amigo e pai", Brett Hawke foi benzer os óculos do brasileiro no Vaticano

Recordista mundial divide as dicas do australiano com outros destaques do Mundial, como Bousquet, 3º colocado nos 100 m livre

Patrick B. Kraemer/Efe
Cielo, à frente, e o francês Bernard duelam pela ponta
na final de ontem, em Roma


DA ENVIADA A ROMA

O homem que ensina ao mundo o que é velocidade na piscina vê em César Cielo um apaixonado, capaz de choramigar por migalhas no treino, mas também de superar limites para ser cada vez mais veloz.
O australiano Brett Hawke é peça fundamental na carreira do brasileiro. E, em Roma, tem mostrado ainda mais sua habilidade em lapidar velocistas.
O comandante da equipe de Auburn (EUA) colocou ontem no pódio dois de seus pupilos. Os mais rápidos do mundo.
César Cielo se consagrou ao bater o recorde dos 100 m livre, 46s91. Fred Bousquet, francês, levou o bronze e detém o recorde dos 50 m livre (20s94).
"Esses caras são muito talentosos. Muito mais talentosos do que eu fui", disse Hawke, que chegou à final dos 100 m livre nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004 e ficou em quinto.
"Acho que o segredo de nosso programa de treinamento é juntar a experiência dos anos de nadador, usar a experiência do passado e colocar o meu toque nisso. E ter atletas talentosos contribuiu muito."
Pela segunda vez em um importante torneio internacional, Brett Hawke integrou a equipe brasileira. Ele já havia ido com Cielo à Olimpíada de Pequim.
Na equipe norte-americana que participa do Mundial de Roma, emplacou quatro competidores. Tem também nadadores de Paraguai, Bahamas, Austrália, Croácia, Trinidad e Tobago e Dinamarca.
Mark Gangloff, dos EUA, que treina em Auburn, foi bronze nos 50 m peito, prova em que o brasileiro Felipe França ficou em segundo lugar.
Hawke costuma dizer que um dos segredos para o sucesso de seus velocistas é ter os melhores do mundo juntos na mesma piscina. Cada treinamento é como uma competição. "Eles [Bousquet e Cielo] dominam um ao outro todo dia. E você precisa separá-los. Temos outros caras no grupo, eu tento criar a competição contra esses também para que os dois se sintam fortes e rápidos. Nadar um contra o outro, com um sempre na frente, não seria bom para nenhum deles", afirmou o técnico australiano.
Quando Bousquet bateu o recorde dos 50 m livre, muitos críticos afirmaram que ele não seria capaz de atingir a marca sem seu maiô, um Jaked. Hawke imediatamente o defendeu.
Ontem, foi a vez de defender o feito de seu pupilo brasileiro.
"Ele nadou mais rápido. Não acho que o recorde sairia de um atleta com um LZR Racer, que hoje não é o traje mais rápido", disse, em referência à peça da Speedo que foi sensação nos Jogos de Pequim-2008.
"O maiô te ajuda, mas, mesmo assim, os melhores atletas ainda estão ganhando. Não tenho dúvidas disso. Allan [Bernard] e Fred [Bousquet] iriam concordar com isso. César é o melhor do mundo", afirmou.
Cielo diz que Hawke cuida dele como amigo, pai e treinador. Uma amostra disso foi o gesto do australiano antes do início do Mundial. Levou os óculos de natação do atleta à Basílica de São Pedro, no Vaticano, e os pôs na água benta.
"Isso significou muito para ele. César é muito emocional, "chora" muito nos nossos treinos, mas trabalha duro na água. No fim das contas, é muito apaixonado pelo que ele faz. Esse é César." (MARIANA LAJOLO)


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