São Paulo, Sábado, 31 de Julho de 1999
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PAN-AMERICANO
Com ouro, revezamento 4 x 100 m e lançamento de disco são destaques no último dia de provas
Atletismo até cala torcida no Canadá

EDGARD ALVES
enviado especial a Winnipeg (Canadá)


O atletismo brasileiro extrapolou no Pan-Americano de Winnipeg, no Canadá. Ontem, fechou a competição no estádio da Universidade de Manitoba de forma espetacular, com mais medalhas.
Os brasileiros calaram a torcida que lotou o estádio para torcer pelo seu ídolo nacional da velocidade, o ex-recordista mundial dos 100 m rasos, Donovan Bailey.
Foi na prova do revezamento 4 x 100 m, quando quatro atletas correm 100 m cada, passando o bastão para o companheiro que segue em frente.
A torcida acreditava em Bailey, que, segundo jornais locais, recebeu US$ 200 mil para participar do Pan. Ele abriu o revezamento.
O Brasil, que havia feito o melhor tempo nas semifinais (38s67), correu com Raphael Oliveira, Claudinei Quirino, Edson Luciano e André Domingos.
Este último cruzou a linha final em 38s18, com a melhor marca mundial deste ano e batendo um recorde histórico do Pan, estabelecido pela equipe dos EUA, de 38s31, de 20 de outubro de 1975, na Cidade do México, onde as marcas de velocidade são favorecidas pela altitude (2.600 m acima do nível do mar).
Ao Canadá (Donovan Bailey, Glenroy Gilbert, Brad McCuaig e Trevino Betty) restou o consolo do segundo lugar, com 38s49. A Jamaica garantiu o bronze na prova com 38s62.
Elisângela Adriano (27 anos, 1,80 m e 97 kg), uma paulistana que começou a praticar esporte aos 11 anos, num colégio da zona leste de São Paulo, foi outra das estrelas da noite do Brasil.
Com três arremessos válidos, ela atirou o disco a 60,92 m para conquistar a medalha de ouro.
"Já era hora de eu ganhar uma medalha no Pan", disse a atleta, que ficou em quarto lugar nas provas de peso e do disco nos Jogos de Mar del Plata-95. Em Winnipeg, por apenas três centímetros, havia terminado novamente em quarto no peso.
Ela é a atual recordista sul-americana do arremesso de peso, com 19,02 m, e do lançamento de do disco, com 62,23 m.
Ontem, dos seis arremessos, ela desperdiçou três (queimou). No primeiro, marcou 59,77 m; no terceiro, 60,92 m; e no quarto, 60,64.
"Pra dizer a verdade, gosto mesmo é do peso, mas essa medalha no disco valeu o esforço", declarou a atleta, hoje formada em educação física e que se especializou nos arremessos porque quando chegou ao atletismo, segundo ela, "era grande e forte".
Elisângela, diferentemente das outras brasileiras que competiram neste Pan, não pintou as unhas com as cores da bandeira nacional. "A Maurren gastou todo o esmalte amarelo", explicou enquanto exibia as unhas levemente douradas.
Maurren Maggi, a "manicure" da turma, entrou novamente na pista com bandeiras nas unhas para conquistar sua segunda medalha no Pan, uma de prata nos 100 m com barreiras, com 12s86, novo recorde sul-americano. Foi a primeira vez que uma mulher sul-americana correu a distância em menos de 13 segundos.
A última medalha veio com o revezamento 4 x 400 m masculino (Claudinei Quirino, Anderson Santos, Eronildes Araújo e Sanderlei Parrela), que levou a prata ao terminar atrás do somente do quarteto da Jamaica.
A equipe brasileira de atletismo somou 16 medalhas neste Pan, quebrando recordes de outros Pans (leia texto ao lado).


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