São Paulo, Sábado, 31 de Julho de 1999
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FUTEBOL
Mexicanos se irritam com time reserva e má atuação
Torcida vira e vaia seleção em vitória sobre a Nova Zelândia

FÁBIO VICTOR
enviado especial a Guadalajara

A torcida no estádio Jalisco, em Guadalajara, começou ontem a vaiar a seleção e a gritar ""olé" a cada passe neozelandês aos 29min de jogo e não parou nem nos dois gols que deram a vitória ao Brasil na Copa das Confederações.
O que mais irritou a torcida foi a escalação de sete reservas para o jogo de ontem -só estavam os titulares Dida, Evanílson, Flávio Conceição e Christian.
O atacante Ronaldinho apenas entrou em campo na metade do segundo tempo, marcando o segundo gol brasileiro.
O jogador reconheceu a atuação fraca da equipe ontem. ""Vencemos, mas só com a equipe completa vamos poder voltar a fazer um bom espectáculo", disse.
O fraco desempenho do time, errando passes, deixando-se envolver pela marcação rival e mostrando muito desentrosamento, provocou ainda mais os torcedores de Guadalajara, conhecidos por serem fanáticos pelo futebol brasileiro desde a passagem da equipe de Pelé, Tostão, Gerson, Jairzinho e Rivelino na Copa do Mundo de 1970.
Com a vitória, o Brasil garantiu o primeiro lugar no Grupo B, com nove pontos. Nas semifinais vai enfrentar a Arábia Saudita, que acabou em segundo no Grupo A.
Até o gol, aos 46min, em um chute de fora da área do volante Marcos Paulo, o Brasil teve uma única chance, desperdiçada aos 6min por Christian e Beto, que chutaram sobre o goleiro Utting.
Aliás, o goleiro neozelandês foi escolhido como ""herói" pelos mexicanos. Em um lance em que saiu da área, Utting ouviu a torcida em coro gritar ""portero, portero!" (goleiro, goleiro!).
A torcida também vaiou quando metade dos refletores se apagou aos 20min. Mesmo com metade do campo às escuras, o juiz sul-coreano Young Joo Kim queria seguir a partida. Depois, o árbitro foi convencido pelo goleiro Dida a paralisar o jogo, o que durou quatro minutos.
No segundo tempo, o Brasil criou mais chances, mas concluía mal. Foi assim aos 23min com Roni e aos 24min com Evanílson.
Aos 29min, quase a Nova Zelândia empatou a partida, quando o zagueiro Bunce cabeceou de forma fulminante na pequena área para a defesa de Dida.
Os adversários, que saíram da competição com três derrotas, tiveram outra chance aos 39min, com o meia Lines chutando rente à trave depois de aproveitar um rebote da defesa brasileira.
Aos 42min, porém, o atacante Ronaldinho, o único brasileiro poupado das vaias, executou com perfeição uma cobrança de falta e marcou o segundo gol.
Só aí surgiram de novo os gritos de ""Brasil, Brasil" escutados nas partidas contra Alemanha e EUA.
Ao final, os eliminados atletas neozelandês, com as camisetas brasileiras recém trocadas, executaram uma dança ritual maori. Esse tipo de procedimento é feito pelas equipes de rúgbi (esporte mais popular do país), antes das partidas para amedrontar o rival.


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