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FUTEBOL
O dinheiro pode tudo
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
O Corinthians lidera o futebol brasileiro com o dinheiro russo e sujo de Boris Berezovski.
Como o Palmeiras e o Vasco comandaram o futebol sul-americano com o dinheiro da Parmalat
e do Bank of America.
Ou o próprio Corinthians, que
chegou ao título mundial e ao bicampeonato brasileiro com o investimento da Hicks Muse.
Ou o Cruzeiro, com a nunca
bem explicada parceria com a
Energil C.
Com dinheiro é fácil.
E sem dinheiro é impossível, a
não ser por um desses acasos que
fizeram os dois raios como Pelé e
Robinho caírem na mesma Vila
Belmiro no espaço de 45 anos.
A questão está em como se traz
o dinheiro, para que não acabe
tudo como acabou no mesmo Corinthians quando a Hicks saiu.
Ou no Vasco, com a cassação de
Eurico Miranda pelo voto depois
que espancou o investidor.
Ou no Palmeiras, que foi à segunda divisão sem o dinheiro lavado da Parmalat.
Ou no eterno vaivém dos armazéns Perrellas em Minas.
Agora, o Flamengo, que teve
muito dinheiro da ISL, procura a
MSI, como revelou esta Folha na
sexta-feira.
No Flamengo, como no Grêmio
da mesma ISL, as coisas funcionaram diferente.
Em vez de títulos, os cartolas
enriqueceram despudoradamente, como comprovaram o impedimento do presidente rubro-negro
de então e o inquérito policial que
rola em Porto Alegre, com uma
dúzia de indiciados.
Porque se dinheiro traz felicidade imediata, o dinheiro mal explicado traz problemas, mais cedo
ou mais tarde. Que o digam os
Lalaus, Malufs e a esmagadora
maioria dos partidos políticos nacionais, para não ficar só no simbólico Delúbio Soares, coitado.
A questão, portanto, não é simplesmente ter dinheiro.
Limpo, como era o da Hicks e
do Bank of America, ou sujo, que
por todos os motivos é inaceitável
-e cobra seu alto preço.
O da falência, como no Flamengo, ou o da falência e da segunda
divisão, como no Grêmio (e também no Flamengo?), ou o da cadeia, como alguns exemplos citados acima.
A questão é como fazer dinheiro
bem feito, como tantos clubes pelo
mundo afora. E para isso é preciso profissionalismo, organização,
credibilidade, qualidades escassas, raríssimas no Brasil.
Imaginar que a MSI possa ser a
solução, por mais que o discurso
de Kia Joorabchian seja melhor
que o de Alberto "1-0-0" Dualib, é
algo que revela a que ponto chegou o desnorteamento na Gávea,
agora governada por um triunvirato que veio para provar que três
cabeças são capazes de pensar
ainda pior que uma, já superada.
A MSI montou um time superior aos demais com uma montanha de dinheiro e ao que tudo indica levará o Corinthians ao tetracampeonato brasileiro.
Quanto custará a fugaz felicidade saberemos em futuro próximo, provavelmente ainda antes que os corintianos vivam seu centenário, em 2010.
Campeão?
O Corinthians quase perdeu
para si mesmo um jogo que tinha a obrigação de vencer. E até
fez por isso, diga-se, diante da
ruindade do Vasco. Mas o líder
do Brasileirão queimou gordura quando não podia, diferentemente do que seria queimá-la
na próxima partida, contra o
Cruzeiro, no Mineirão. Parecia
até que o Corinthians golearia.
Mas perdeu Roger e a serenidade, embora tenha criado inúmeras chances de gol. Caberá
ao Inter hoje não cometer o
mesmo vacilo contra o Paysandu para manter o Brasileirão
aceso. Porque o Corinthians está longe de ser um time que encante, como foram o Cruzeiro e
o Santos nos dois campeonatos
anteriores. Quem viu o 1 a 1 no
Pacaembu pôde constatar que
o tetra está mais distante do que
imaginam os corintianos.
blogdojuca@uol.com.br
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