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FUTEBOL
Pelo triênio 2006-2008, clubes que disputam a Série A do Brasileiro receberão no mínimo R$ 707,7 milhões da Globo
Acordo deixa C13 mais dependente da TV
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O novo contrato de transmissão
do Campeonato Brasileiro, válido
de 2006 a 2008, aumenta o volume
de dinheiro recebido antecipadamente pelos clubes e torna-os
mais dependentes financeiramente da TV Globo. A emissora
ainda ganhou o direito de interromper os pagamentos no caso de
a competição sofrer paralisações.
Obtidos pela Folha, os sete contratos firmados entre a Globo e o
Clube dos 13 são a principal fonte
de renda dos times e foi assinado
no início deste ano. Por três edições da competição, a emissora se
comprometeu a pagar R$ 707,7
milhões, no mínimo, mais percentuais sobre os ganhos com
pay-per-view e outros produtos.
Desse total garantido, os clubes
receberão antecipadamente R$
115,25 milhões, antes do começo
do Brasileiro de 2006. Só pelos direitos da TV aberta as equipes da
Série A ganharão R$ 93 milhões.
Essa prática já era verificada anteriormente, mas em menor volume. No acordo do triênio 2003-05,
a Globo adiantou R$ 76 milhões
antes da primeira temporada.
Com isso, há redução do valor a
ser recebido nos anos finais.
Nos três meses finais da temporada de 2008, somando os ganhos
com TVs aberta e fechada, os clubes receberão R$ 142,2 milhões,
cerca de 30% a menos do que o
valor acertado -pela progressão
do contrato, esse ano geraria a
maior remuneração.
Isso pesa na hora da renovação
do contrato, pois os clubes têm de
acertar novo acordo para cobrir
meses em branco. Mas o presidente do Clube dos 13, Fábio Koff,
entende que isso não deixa os times dependentes da Globo.
"Trabalhamos no regime de caixa, que paga mensalmente. Portanto há uma defasagem de quatro meses da competição", declarou o dirigente. "Sempre aconteceu isso [as antecipações]. Mas há
um pagamento do pay-per-view
que vai entrar mais tarde."
O dinheiro do pay-per-view,
porém, não é tão volumoso, nem
certo como o dos contratos de
TVs aberta e por assinatura.
Além disso, a Globo ganhou outra forma de pressão.
O parágrafo quarto da quarta
cláusula estabelece que "a hipótese de não-realização de qualquer
temporada da competição ou
parte dela, por qualquer motivo
alheio à vontade da Globo, acarretará na suspensão do pagamento". Essa possibilidade não existia
pelo acordo anterior.
"Se não entregar o produto é
evidente que tem de parar de pagar", justificou Koff.
A Globo mantém o poder sobre
o formato e a tabela do Brasileiro,
que têm de ser pré-aprovados por
ela em 120 dias.
A emissora já manifestou posição favorável ao mata-mata, em
detrimento do atual sistema de
pontos corridos bancado pela
CBF, que também é obrigada a ter
o aval global nas decisões sobre
esses dois itens.
Em duas cláusulas, a emissora
deixa em aberto a possibilidade
de mudança da fórmula da competição. Nestes itens, está especificado que os valores teriam de ser
renegociados caso acontecesse
uma alteração de formato.
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