|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SONINHA
Há vagas/Não há vagas
Na matemática e no futebol, a chance de o São Paulo sair da liderança é remota, mas restam Libertadores e Série B
JÁ NÃO sobra muito tempo para
dizer que o São Paulo ainda pode perder o título do Brasileiro.
Pode, mas terá de se esforçar muito
para isso. Nos jogos que faltam, enfrenta Ponte Preta, Botafogo, Atlético-PR e Cruzeiro no Morumbi; Santos, Goiás e Paraná em seus estádios.
O Inter, que é o mais próximo na
tabela, pega Botafogo, Grêmio, Paraná e Palmeiras fora -e Santos, Fortaleza e Goiás no Beira Rio.
Vamos imaginar que o São Paulo
tenha três vitórias, dois empates e
duas derrotas nessas últimas rodadas -os derrotados seriam, digamos, Ponte, Cruzeiro e Paraná.
Se o Inter tiver os mesmos resultados, estará mantida a diferença,
claro, e o São Paulo será campeão
com 7 pontos de vantagem.
Simples assim. Se o Inter tiver
quatro vitórias (todos os jogos em
casa e mais um como visitante), dois
empates e só uma derrota, o que seria uma seqüência final muito boa,
marcaria 14 pontos contra 11 do São
Paulo. Não resolve.
Vamos piorar um pouco a campanha do São Paulo, transformando
uma vitória em empate, e melhorar
a do Inter, cravando 5 vitórias e nenhuma derrota. O tricolor faria 9
pontos na reta final, e o colorado, 17.
Aí dá! O Inter superaria o São Paulo
por um ponto, em uma das arrancadas mais espetaculares da história,
ficando invicto nas últimas 7 rodadas do campeonato. Pode até acontecer, mas quem acha plausível a
idéia de o São Paulo vencer só dois
jogos entre todos os que faltam?
As mesmas comparações podem
ser feitas em relação ao Santos, um
ponto abaixo do Internacional. E
são tão improváveis quanto.
Não é na matemática que está difícil derrotar o São Paulo, é no futebol.
E agora fica muito visível o porquê
daquelas recomendações que todo
mundo faz desde o começo de um
campeonato por pontos corridos:
"Esses três pontos agora vão valer
muito lá na frente... Todo jogo é uma
final...". Ninguém joga a terceira rodada como se fosse decisão, mas não
é difícil disputar cada partida do
Brasileiro como sendo o que é: o
campeonato pra valer, e não uma fase café com leite de preparação.
O São Paulo foi um bom time no
Paulista (que perdeu por um ponto)
e na Libertadores (que perdeu para
um grande adversário). Disputou o
Brasileiro com muita consistência,
apresentando um futebol ofensivo e
muitas vezes bonito, e um sistema
defensivo eficiente -apesar de ter,
possivelmente, os dois menores volantes do futebol mundial. Teve de
lidar, como muitos, com desfalques
importantes, mas se recompôs quase sem solavancos. E hoje desfruta
da tranqüilidade da liderança: jogadores que não são propriamente habilidosos arriscam dribles exuberantes (como Aloísio); recém-chegados dão segurança como se estivessem no time há anos (como Ilsinho)... Mas sem se aventurar demais, sem esnobar o adversário, sem
deixar de lutar.
Cena emblemática da penúltima
partida, contra o Grêmio no Olímpico: 22min do primeiro tempo, time
vencendo por 1 a 0, um atacante
(Leandro) vem correndo para desarmar o volante adversário no campo de defesa, como se estivesse precisando virar o jogo para não ser rebaixado... Um pouco disso é característica do próprio jogador, é verdade,
que parece sempre estar em uma
disputa de vida ou morte, mas é também um reflexo do time, aguerrido
como o São Paulo tem a fama -às
vezes injusta- de não ser.
O atual líder tem o melhor ataque,
a segunda melhor defesa (empatado
com o Inter, superado pelo Santos),
o menor número de derrotas (chega
a ser ridículo, perdeu só 4 vezes!).
Será um campeão digno, 15 anos
depois da última conquista.
Nas próximas semanas, a emoção
fica mais por conta das vagas para a
Libertadores e para a Série B -e não
será pouca.
soninha.folha@uol.com.br
Texto Anterior: Santos: Zé Roberto sente coxa e não vai ao RS Próximo Texto: "Hospital" corintiano faz Leão improvisar Índice
|