São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 2006

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SONINHA

Há vagas/Não há vagas

Na matemática e no futebol, a chance de o São Paulo sair da liderança é remota, mas restam Libertadores e Série B

JÁ NÃO sobra muito tempo para dizer que o São Paulo ainda pode perder o título do Brasileiro. Pode, mas terá de se esforçar muito para isso. Nos jogos que faltam, enfrenta Ponte Preta, Botafogo, Atlético-PR e Cruzeiro no Morumbi; Santos, Goiás e Paraná em seus estádios. O Inter, que é o mais próximo na tabela, pega Botafogo, Grêmio, Paraná e Palmeiras fora -e Santos, Fortaleza e Goiás no Beira Rio.
Vamos imaginar que o São Paulo tenha três vitórias, dois empates e duas derrotas nessas últimas rodadas -os derrotados seriam, digamos, Ponte, Cruzeiro e Paraná.
Se o Inter tiver os mesmos resultados, estará mantida a diferença, claro, e o São Paulo será campeão com 7 pontos de vantagem. Simples assim. Se o Inter tiver quatro vitórias (todos os jogos em casa e mais um como visitante), dois empates e só uma derrota, o que seria uma seqüência final muito boa, marcaria 14 pontos contra 11 do São Paulo. Não resolve.
Vamos piorar um pouco a campanha do São Paulo, transformando uma vitória em empate, e melhorar a do Inter, cravando 5 vitórias e nenhuma derrota. O tricolor faria 9 pontos na reta final, e o colorado, 17.
Aí dá! O Inter superaria o São Paulo por um ponto, em uma das arrancadas mais espetaculares da história, ficando invicto nas últimas 7 rodadas do campeonato. Pode até acontecer, mas quem acha plausível a idéia de o São Paulo vencer só dois jogos entre todos os que faltam?
As mesmas comparações podem ser feitas em relação ao Santos, um ponto abaixo do Internacional. E são tão improváveis quanto.
Não é na matemática que está difícil derrotar o São Paulo, é no futebol. E agora fica muito visível o porquê daquelas recomendações que todo mundo faz desde o começo de um campeonato por pontos corridos: "Esses três pontos agora vão valer muito lá na frente... Todo jogo é uma final...". Ninguém joga a terceira rodada como se fosse decisão, mas não é difícil disputar cada partida do Brasileiro como sendo o que é: o campeonato pra valer, e não uma fase café com leite de preparação.
O São Paulo foi um bom time no Paulista (que perdeu por um ponto) e na Libertadores (que perdeu para um grande adversário). Disputou o Brasileiro com muita consistência, apresentando um futebol ofensivo e muitas vezes bonito, e um sistema defensivo eficiente -apesar de ter, possivelmente, os dois menores volantes do futebol mundial. Teve de lidar, como muitos, com desfalques importantes, mas se recompôs quase sem solavancos. E hoje desfruta da tranqüilidade da liderança: jogadores que não são propriamente habilidosos arriscam dribles exuberantes (como Aloísio); recém-chegados dão segurança como se estivessem no time há anos (como Ilsinho)... Mas sem se aventurar demais, sem esnobar o adversário, sem deixar de lutar.
Cena emblemática da penúltima partida, contra o Grêmio no Olímpico: 22min do primeiro tempo, time vencendo por 1 a 0, um atacante (Leandro) vem correndo para desarmar o volante adversário no campo de defesa, como se estivesse precisando virar o jogo para não ser rebaixado... Um pouco disso é característica do próprio jogador, é verdade, que parece sempre estar em uma disputa de vida ou morte, mas é também um reflexo do time, aguerrido como o São Paulo tem a fama -às vezes injusta- de não ser.
O atual líder tem o melhor ataque, a segunda melhor defesa (empatado com o Inter, superado pelo Santos), o menor número de derrotas (chega a ser ridículo, perdeu só 4 vezes!). Será um campeão digno, 15 anos depois da última conquista.
Nas próximas semanas, a emoção fica mais por conta das vagas para a Libertadores e para a Série B -e não será pouca.


soninha.folha@uol.com.br

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