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Ausência de Pelé na festa escancara mal-estar com CBF
Feira de pisos esportivos, utilizada pelo ex-jogador como
justificativa para faltar ao evento da Fifa, só começa hoje
CBF também se contradiz sobre convite ao ex-atleta para participar da comitiva que viajou à Suíça para defender pleito à Copa-14
DA REDAÇÃO
DO ENVIADO A ZURIQUE
O dia de ontem na Fifa não
foi só de certeza, da confiança
de que o Brasil, candidato único, receberia a Copa de 2014. O
dia suscitou também uma dúvida pungente. Onde está Pelé?
De acordo com a assessoria
do ex-jogador, participando da
FSB, uma feira internacional
de pisos esportivos, versão repetida por diversos veículos de
comunicação nos últimos dias.
Versão vazia. A feira, em Colônia, Alemanha, começa hoje.
"Hoje [ontem] não houve atividade, o pavilhão estava fechado", disse à Folha, por telefone,
Franko Fischer, assessor de
imprensa do evento. "A feira
será aberta às 10h [6h de Brasília] de amanhã [hoje] e o Pelé
fará uma aparição às 12h."
A programação completa está disponível no site do evento,
no www.fsb-cologne.com.
A informação não só derruba
a argumentação do estafe de
Pelé, de que ele estaria ontem
na feira, cumprindo compromissos com uma empresa de
grama sintética. Escancara,
também, falta de entendimento entre o ex-jogador e Ricardo
Teixeira, presidente da CBF.
"Quando o Teixeira disse que
o evento em Zurique seria no
dia 30, o Pelé logo falou que
não poderia, porque estaria na
feira. Ele vem todo ano, é a terceira ou quarta vez que participa", dizia a assessoria de Pelé.
Depois, confrontada com a
data de início da FSB, a versão
foi que ele passou o dia num
evento com crianças. Mais: segundo Fischer, a ligação de Pelé com a feira não é tão forte.
"Ele só veio em 2005", disse.
Em entrevista à última edição da revista "France Football", lançada ontem, Pelé afirmou que não foi chamado por
Teixeira. "Não fui convidado
para ser o embaixador da candidatura. Para trabalhar na Copa, ainda vou ter uma reunião
com o governo brasileiro e com
Teixeira, para discutir o assunto." Questionado sobre problemas com o dirigente, negou.
"Não há desentendimento."
A distância entre Colônia e
Zurique é 580 km. O vôo entre
as duas cidades leva uma hora.
Na sede da Fifa, a ausência
decepcionou jornalistas estrangeiros e surpreendeu até
membros do Comitê Executivo, como Franz Beckenbauer.
"Não sei por que não veio,
mas gostaria muito que ele estivesse aqui. Pelé é meu irmão",
afirmou o ex-craque alemão.
A CBF não colaborou muito
no esclarecimento da questão.
Lançou explicações diferentes.
"Não sei onde ele está. Eu o
convidei", afirmou Teixeira.
Segundo Rodrigo Paiva, assessor de imprensa da CBF, a
organização preferiu que Pelé
não participasse para evitar
desgastes à imagem. "Isso é um
processo político e Pelé está
acima de tudo", disse Paiva.
À Folha, um colaborador de
Teixeira disse que o dirigente
está desgostoso com Pelé desde
maio, quando o ex-jogador,
num encontro com Lula, criticou a desorganização do futebol. No futuro, porém, deve receber algum posto honorário, sem envolvimento direto na
rotina do comitê organizador.
Convocado para dar prestígio boleiro à comitiva, Romário
não quis saber de comparações.
"Pelé é Pelé. É insubstituível",
disse o atacante, maior personagem dos vídeos exibidos na
apresentação da candidatura.
Nos vídeos, como no evento
da Fifa, Pelé também foi ausência sentida. Não apareceu fazendo um gol. O único lance selecionado pela CBF foi o do seu
passe para o gol de Jairzinho,
contra a Inglaterra, na Copa do
México, em 1970.
(FÁBIO SEIXAS E MARCELO NINIO)
Colaborou RICARDO PERRONE, do Painel FC
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