São Paulo, quarta-feira, 31 de outubro de 2007

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Ausência de Pelé na festa escancara mal-estar com CBF

Feira de pisos esportivos, utilizada pelo ex-jogador como justificativa para faltar ao evento da Fifa, só começa hoje

CBF também se contradiz sobre convite ao ex-atleta para participar da comitiva que viajou à Suíça para defender pleito à Copa-14

DA REDAÇÃO
DO ENVIADO A ZURIQUE

O dia de ontem na Fifa não foi só de certeza, da confiança de que o Brasil, candidato único, receberia a Copa de 2014. O dia suscitou também uma dúvida pungente. Onde está Pelé?
De acordo com a assessoria do ex-jogador, participando da FSB, uma feira internacional de pisos esportivos, versão repetida por diversos veículos de comunicação nos últimos dias.
Versão vazia. A feira, em Colônia, Alemanha, começa hoje. "Hoje [ontem] não houve atividade, o pavilhão estava fechado", disse à Folha, por telefone, Franko Fischer, assessor de imprensa do evento. "A feira será aberta às 10h [6h de Brasília] de amanhã [hoje] e o Pelé fará uma aparição às 12h."
A programação completa está disponível no site do evento, no www.fsb-cologne.com.
A informação não só derruba a argumentação do estafe de Pelé, de que ele estaria ontem na feira, cumprindo compromissos com uma empresa de grama sintética. Escancara, também, falta de entendimento entre o ex-jogador e Ricardo Teixeira, presidente da CBF.
"Quando o Teixeira disse que o evento em Zurique seria no dia 30, o Pelé logo falou que não poderia, porque estaria na feira. Ele vem todo ano, é a terceira ou quarta vez que participa", dizia a assessoria de Pelé. Depois, confrontada com a data de início da FSB, a versão foi que ele passou o dia num evento com crianças. Mais: segundo Fischer, a ligação de Pelé com a feira não é tão forte. "Ele só veio em 2005", disse.
Em entrevista à última edição da revista "France Football", lançada ontem, Pelé afirmou que não foi chamado por Teixeira. "Não fui convidado para ser o embaixador da candidatura. Para trabalhar na Copa, ainda vou ter uma reunião com o governo brasileiro e com Teixeira, para discutir o assunto." Questionado sobre problemas com o dirigente, negou. "Não há desentendimento."
A distância entre Colônia e Zurique é 580 km. O vôo entre as duas cidades leva uma hora.
Na sede da Fifa, a ausência decepcionou jornalistas estrangeiros e surpreendeu até membros do Comitê Executivo, como Franz Beckenbauer. "Não sei por que não veio, mas gostaria muito que ele estivesse aqui. Pelé é meu irmão", afirmou o ex-craque alemão.
A CBF não colaborou muito no esclarecimento da questão. Lançou explicações diferentes.
"Não sei onde ele está. Eu o convidei", afirmou Teixeira. Segundo Rodrigo Paiva, assessor de imprensa da CBF, a organização preferiu que Pelé não participasse para evitar desgastes à imagem. "Isso é um processo político e Pelé está acima de tudo", disse Paiva.
À Folha, um colaborador de Teixeira disse que o dirigente está desgostoso com Pelé desde maio, quando o ex-jogador, num encontro com Lula, criticou a desorganização do futebol. No futuro, porém, deve receber algum posto honorário, sem envolvimento direto na rotina do comitê organizador. Convocado para dar prestígio boleiro à comitiva, Romário não quis saber de comparações.
"Pelé é Pelé. É insubstituível", disse o atacante, maior personagem dos vídeos exibidos na apresentação da candidatura.
Nos vídeos, como no evento da Fifa, Pelé também foi ausência sentida. Não apareceu fazendo um gol. O único lance selecionado pela CBF foi o do seu passe para o gol de Jairzinho, contra a Inglaterra, na Copa do México, em 1970. (FÁBIO SEIXAS E MARCELO NINIO)

Colaborou RICARDO PERRONE, do Painel FC


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