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Vedete, onda verde é marola na Fifa
Ecologia rouba cena em evento da entidade que rege o futebol, mas movimento olímpico preserva há mais tempo
Enquanto a Copa demanda áreas de estacionamento para carros de espectadores, Olimpíada apresenta plano de transporte 100% público
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Vedete da apresentação brasileira no evento que garantiu a
Copa de 2014 no país, a questão
ecológica é regulamentada pela
Fifa de forma menos enfática
que o tratamento dispensado
pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) ao tema.
Além do fato de o comitê ser
um dos "principais parceiros"
do Programa Ambiental da
ONU, com relação mais antiga
que a da Fifa com o órgão, a
questão dos estacionamentos
ilustra bem a diferença.
Enquanto a entidade que comanda o futebol mundial exige
áreas para os espectadores da
Copa deixarem seus veículos
durante as partidas, a vanguarda do movimento olímpico internacional prega eventos sem
estacionamentos, com 100%
dos espectadores atendidos pelo transporte público.
Na semana passada, a organização da Olimpíada-2012, em
Londres, apresentou seu plano
de transporte para o evento,
enfatizando o fato de haver previsão de estacionamento nas
instalações esportivas só para
veículos de deficientes físicos.
"Temos um programa muito
agressivo para fazer os Jogos
mais verdes dos tempos modernos. Queremos deixar tanto
o legado de infra-estrutura
quanto o da maneira como a
população encara o transporte
e sobre como ela deve ir a eventos esportivos e culturais", declarou Hugh Sumner, responsável pelas operações de transporte da Olimpíada de 2012.
A iniciativa contrasta com os
requisitos da Fifa, que impõe a
necessidade de estacionamentos até em eventos subsidiários,
como sorteios, simpósios e o
banquete da associação.
Para o público, a demanda é
de uma área para 6.000 carros e
2.300 ônibus a cada 40 mil lugares nos respectivos estádios.
E o Brasil tem que apresentar o
plano da localização e gerenciamento dos estacionamentos
em 1º de janeiro de 2012.
O curioso é que na Copa da
Alemanha-2006, uma iniciativa do comitê organizador e do
ministério do meio-ambiente,
o "Projeto Gol Verde", teve
bons resultados ao estimular o
uso do transporte público.
A cidade de Munique, por
exemplo, estimava que entre
30% e 40% dos espectadores
usariam o transporte público
para ir aos jogos. Atingiu 60%.
Segundo a organização, o uso
de carros privados para ir aos
jogos ficou em torno de 30%.
As exigências da Fifa acerca
do meio-ambiente não prevêem especificamente estudos
de substituição de transporte
particular pelo público.
Mas obriga que as cidades-sede informem a evolução da
qualidade do ar nos últimos
cinco anos e apresentem um
plano de proteção ao meio-ambiente (inclusive com a exigência de usar material de construção menos agressivo nas obras
relacionadas à competição).
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