São Paulo, quarta-feira, 31 de outubro de 2007

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TOSTÃO

Hoje a festa é do São Paulo

E o Brasil tem condições de fazer uma Copa, mas a imprensa terá de ficar atenta nos próximos sete anos

O BRASIL tem condições de fazer uma bela e organizada Copa. Isso é uma coisa. Outra é dizer que o país vai resolver com o Mundial os seus graves problemas sociais e de infra-estrutura, como disseram na cerimônia da Fifa.
Lula disse que não será o presidente em 2014.
Já Ricardo Teixeira completará 25 anos no comando da CBF, graças à mudança que ocorreu recentemente na legislação esportiva.
Na curta entrevista coletiva após o anúncio, houve perguntas críticas e esclarecedoras, como as sobre violência no Brasil e a razão da ausência de Pelé, e também a tradicional pergunta de um representante da turma do oba-oba.
Agora vão começar a bajulação à CBF, as trocas de favores, os negócios não transparentes, o ufanismo e a disputa política dos Estados para serem sedes da Copa e para terem os melhores jogos da seleção brasileira.
A imprensa independente, que não é parceira do evento nem submissa ao governo federal, aos governos estaduais e à CBF, terá de ficar atenta sobre tudo o que vai acontecer nos próximos sete anos.

Comemoração tricolor
Hoje a festa é do São Paulo. Além de alguns excelentes jogadores, como Rogério Ceni, Hernanes e os três zagueiros, o São Paulo possui o melhor elenco e é mais organizado que os outros times, dentro e fora de campo. Hernanes ensinou a todos que volante pode driblar e até pedalar.
Cinco times lutam por três vagas à Libertadores. Poucos apostam no Cruzeiro. No último jogo, o jovem Kerlon foi escalado pela primeira vez no Brasileiro desde o início. Ele continua estabanado. Corre demais, tromba, cai, levanta, faz e recebe faltas, tenta o drible da foca e pouco faz de produtivo. Kerlon passa a maior parte do jogo no chão. Craque joga em pé. Kerlon precisa ser mais bem orientado.
Talvez bastante suco de maracujá possa ajudá-lo a diminuir sua agitação em campo.
O Palmeiras perdeu o medo de jogar em casa, conquistou o carinho da torcida, tem agora um time organizado e um excepcional jogador nas bolas paradas, o meia Caio.
O Grêmio não tem mais a equipe que eliminou o São Paulo nas oitavas-de-final da última Libertadores, porém quase sempre ganha em casa, graças às jogadas aéreas, além de causar muito respeito e temor aos adversários.
O Santos ficou melhor depois que Luxemburgo parou de implicar com o Tabata, e de criticá-lo publicamente, e passou a escalar mais o jogador. Tabata não é jogador especial, mas quase sempre atua bem.
O Flamengo é agora candidato a uma vaga à Libertadores. Está na hora de pararmos de dizer que Joel é só um técnico folclórico, um bom e simpático malandro, e reconhecermos que ele é um bom técnico.
O discurso dos treinadores nessa reta final será o mesmo: "Cada jogo é uma decisão". Certamente vão aparecer também os especialistas em auto-ajuda com suas palestras óbvias e redundantes. Os pais e mães-de-santo vão também entrar em campo. Os clubes só não podem tentar subornar os árbitros e auxiliares nem colocar sedativos na comida dos adversários.


tostao.folha@uol.com.br

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