São Paulo, sábado, 31 de outubro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MOTOR

Muito botão, pouco tempo


Ao banir testes durante o ano, FIA esqueceu que a F-1 tem demanda natural e histórica por novos pilotos


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

NOS PRATOS, até onde lembro, bife e salada. Na mesa, copos cheios de Coca-Cola e um papo animado, dos melhores, sobre todos os assuntos, menos automobilismo. Era sexta-feira em Interlagos, intervalo de treinos, hora do almoço.
À esquerda, Barbara Gancia. À direita, Flavio Gomes. No centro, este colunista. Estávamos nos domínios da Toyota no circuito paulistano, é a maneira de se virar nos dias de F-1.
Num determinado momento, notamos um movimento no canto do escritório. Kobayashi estava ali, cotovelos na mesa, olhar atento. Ao lado, um engenheiro, com um volante na mão, explicava para o japonês os comandos, os botões, os recursos.
O espaço-tempo não está errado.
Kobayashi já havia participado de dois treinos em Suzuka, substituindo o gripado Glock, e acabado de sair da primeira sessão em Interlagos, substituindo o esfacelado Glock. Foram 260 km com um F-1. Mesmo assim, não sabia para que serviam todos aqueles botõezinhos coloridos.
Cena curiosa, claro. Rimos, óbvio.
Mas normal até, por dois motivos. O primeiro, a parafernália que se tornaram os carros de F-1. Dias desses, Di Grassi foi instado a falar sobre os comandos que os pilotos têm à disposição. Levou uns 15 minutos.
Não à toa, Hamilton mandou o Mundial de 2007 para o espaço ao apertar um botão errado.
O segundo motivo é o mais preocupante. Mirar o corte de custos é louvável, mas a FIA derrubou o alvo errado ao banir os testes durante o Mundial. Esqueceu que, naturalmente, ocorre uma demanda por mão de obra ao longo do campeonato. Kobayashi, Alguersuari e Grosjean estrearam praticamente crus.
E a situação não será lá muito diferente para os estreantes em 2010. Entre 95 e 96, Villeneuve percorreu 11 mil km em testes antes de disputar seu primeiro GP. Único estreante em Melbourne, Buemi fez 7.400 km, ou 33% a menos. Pesa.
Bruno vai estrear em 2010. Di Grassi tem enormes chances. Mas o desafio, graças a essa barbeiragem da FIA e às equipes também novatas, será maior do que antes. É bom lembrar disso antes de cobrar.

SETE
Rossi cruzou a linha de chegada em terceiro, parou a moto, abraçou os torcedores que foram até a Malásia, colocou uma camiseta com os dizeres "Galinha velha é que faz boa canja" e foi para o pódio, com pressa, comemorar o heptacampeonato na principal categoria das duas rodas. O carisma é recorde. O esporte a motor nunca viu alguém assim.

TRÊS?
Bivice, Barrichello terá dificuldades para ser tri em Abu Dhabi. Após um apagão de quatro provas, a Red Bull reagiu a partir de Suzuka e andou bem ontem. Mais: Vettel tem dois pontos de lambuja. Alento, logo virá o anúncio da Williams.

fabioseixas.folha@uol.com.br


Texto Anterior: Estado vai pagar pela reforma do Maracanã
Próximo Texto: Pilotos aprovam, com ressalvas, Abu Dhabi
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.