São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2010

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JUCA KFOURI

Calma, Felipão!


Um papo de fim de tarde com o técnico campeão mundial e do Palmeiras, onde o tiozão se revela


FELIPÃO EXPLODIU mais uma vez para a indignação do nosso, dos jornalistas, corporativismo, como se jamais explodíssemos.
Mas que a conduta dele foi imprópria, excessiva e em desacordo com a liturgia de um treinador campeão mundial é fora de questão.
E não só ele concorda como sua mulher, Olga, mesmo de Portugal, puxou-lhe as orelhas. Ela não se cansa, aliás, porque faz isso já há 37 anos.
Estive com Felipão longamente na tarde da última quinta-feira. Por mero carinho dei-me ao direito de dizer que jamais Vicente Feola, Aimoré Moreira, Mário Jorge Lobo Zagallo e Carlos Alberto Parreira, os outros campeões mundiais, fizeram o que ele fez.
Ele concordou e entendeu, embora tenha argumentado que sempre fora assim, antes, durante e depois de ter comandado a seleção que trouxe o pentacampeonato para o Brasil.
E é verdade. Mas disse mais: disse que não guarda rancor, que depois da explosão, em cinco minutos, esquece tudo, o que também é verdade, como posso testemunhar, por tê-lo criticado impiedosamente quando não levou Romário para a Copa da Ásia em 2002.
Sim, ele tinha razão, o que reconheci tão publicamente quanto foram as minhas críticas, razão pela qual, provavelmente, mantivemos uma relação respeitosa que, depois, até se transformou em carinhosa.
E olhe que pensamos quase diametralmente oposto em relação a um montão de coisas.
Mas permaneço com a mesma opinião: Felipão é aquele tio mais querido que, nos encontros de família, toma duas caipirinhas e sai falando bobagens e palavrões para a alegria da sobrinhada. E é do bem.
Só que ele também tem suas queixas, de nós, jornalistas, e não é a que você pode estar pensando, em relação ao Valdivia, por exemplo.
Ele gostaria que não se publicasse mais seu salário. Primeiramente porque diz que publicam errado, acima do que ganha. Segundamente porque tem medo de expor Olga e seus filhos à insegurança que é marca registrada de São Paulo.
Felipão é cascudo, bruto, simples, mora num espaçoso e despojado apartamento num bairro de classe média, perto do seu trabalho e, aos 62 anos, dificilmente mudará de temperamento.
Mas promete contar até dez antes da próxima explosão. E pode até pedir desculpas, mas de seu jeito, sem formalidades.
Não, Felipão não é falso. Ao contrário.

blogdojuca@uol.com.br


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