São Paulo, segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

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Idade não pesa para quem corre na São Silvestre

Marcas obtidas pelos atletas com mais de 60 anos são as que mais caem na tradicional prova de rua de São Paulo

Bruno Miranda/Folha Imagem
Carlos Marchetti, 84, corre uma hora e meia três vezes por semana e hoje estará na São Silvestre pelo segundo ano consecutivo


DA REPORTAGEM LOCAL

Ademar Tristão Filho abandonou os jogos de várzea em 1976. Seu corpo, no entanto, não agüentou ficar parado. E logo a paixão pelo futebol deu lugar ao tênis e a quilômetros e quilômetros de passadas.
Hoje, aos 65 anos, é exemplo de um movimento comprovado pelas marcas da São Silvestre. Cada vez mais os idosos brasileiros se dedicam a atividades físicas. E quem abraça o esporte competitivo tem desempenho cada vez mais destacado.
Na mais tradicional prova de rua do país, apenas os corredores das categorias com mais de 60 anos tiveram melhora significativa no tempo médio de percurso se comparado 2006 a 1998, o mais antigo registrado.
Naquele ano, a média foi de 1h36min56s. No ano passado, os veteranos cumpriram o circuito em 1h33min44s. Entre as mulheres, a marca caiu de 1h55min35s para 1h47min39s.
A maioria dos corredores inscritos na prova pioraram os tempos. Na categoria até 29 anos, os homens saltaram de 1h19min32s para 1h23min31s. A prova feminina foi pior, de 1h28min51s para 1h38min31s.
Alguns, no entanto, apresentaram leve evolução. Os atletas de 50 a 59 anos melhoraram as marcas, mas de forma bem menos significativa (44s para mulheres e 9s para homens).
Já os jovens com até 19 anos foram 1min21s mais velozes.
"O número de atletas com mais de 60 anos só aumenta. Alguns descobrem a corrida nessa idade", diz Tristão Filho, que preside a Associação dos Corredores do Espírito Santo.
Apesar de festejar o incremento da modalidade, o corredor pena com novos rivais.
"Tenho um bom nível de treinamento, mas começo a perder espaço. As provas estão cada vez mais disputadas", diz ele, vice-campeão em sua faixa etária na Volta da Pampulha. Na São Silvestre-2006, foi quarto na sua categoria, 941º no geral -havia 15 mil inscritos.
Segundo censo do IBGE divulgado no último ano, a expectativa média de vida do brasileiro atingiu 71,9 anos.
A explicação para este crescimento está no maior acesso a cuidados médicos, dieta balanceada, novas tecnologias, queda da mortalidade infantil e na prática de atividades esportivas, entre outras.
Carlos Marchetti é um exemplo dos efeitos desse novo ingrediente na vida dos idosos. Começou a correr há oito anos e, em 2006, arriscou-se na São Silvestre. Hoje, estará na Paulista novamente. Aos 84 anos, é o mais velho inscrito.
"Meus filhos correm e me incentivaram. Uma pessoa de idade, quando fica parada, só piora", afirma o competidor.
Marchetti treina por cerca de uma hora e meia três vezes por semana. Também continua trabalhando em sua oficina.
"Eu comecei andando. Aí passei a correr 5km, 10km, 15km e vi que dava. Essa é minha segunda São Silvestre, mas eu quero mais", diz. (MARIANA LAJOLO E PAULO COBOS)

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