|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Idade não pesa para quem corre na São Silvestre
Marcas obtidas pelos atletas com mais de 60 anos são as que mais caem na tradicional prova de rua de São Paulo
Bruno Miranda/Folha Imagem
|
Carlos Marchetti, 84, corre uma hora e meia três vezes por semana e hoje estará na São Silvestre pelo segundo ano consecutivo |
DA REPORTAGEM LOCAL
Ademar Tristão Filho abandonou os jogos de várzea em
1976. Seu corpo, no entanto,
não agüentou ficar parado. E
logo a paixão pelo futebol deu
lugar ao tênis e a quilômetros e
quilômetros de passadas.
Hoje, aos 65 anos, é exemplo
de um movimento comprovado
pelas marcas da São Silvestre.
Cada vez mais os idosos brasileiros se dedicam a atividades
físicas. E quem abraça o esporte competitivo tem desempenho cada vez mais destacado.
Na mais tradicional prova de
rua do país, apenas os corredores das categorias com mais de
60 anos tiveram melhora significativa no tempo médio de
percurso se comparado 2006 a
1998, o mais antigo registrado.
Naquele ano, a média foi de
1h36min56s. No ano passado,
os veteranos cumpriram o circuito em 1h33min44s. Entre as
mulheres, a marca caiu de
1h55min35s para 1h47min39s.
A maioria dos corredores inscritos na prova pioraram os
tempos. Na categoria até 29
anos, os homens saltaram de
1h19min32s para 1h23min31s.
A prova feminina foi pior, de
1h28min51s para 1h38min31s.
Alguns, no entanto, apresentaram leve evolução. Os atletas
de 50 a 59 anos melhoraram as
marcas, mas de forma bem menos significativa (44s para mulheres e 9s para homens).
Já os jovens com até 19 anos
foram 1min21s mais velozes.
"O número de atletas com
mais de 60 anos só aumenta.
Alguns descobrem a corrida
nessa idade", diz Tristão Filho,
que preside a Associação dos
Corredores do Espírito Santo.
Apesar de festejar o incremento da modalidade, o corredor pena com novos rivais.
"Tenho um bom nível de treinamento, mas começo a perder
espaço. As provas estão cada
vez mais disputadas", diz ele,
vice-campeão em sua faixa etária na Volta da Pampulha. Na
São Silvestre-2006, foi quarto
na sua categoria, 941º no geral
-havia 15 mil inscritos.
Segundo censo do IBGE divulgado no último ano, a expectativa média de vida do brasileiro atingiu 71,9 anos.
A explicação para este crescimento está no maior acesso a
cuidados médicos, dieta balanceada, novas tecnologias, queda
da mortalidade infantil e na
prática de atividades esportivas, entre outras.
Carlos Marchetti é um exemplo dos efeitos desse novo ingrediente na vida dos idosos.
Começou a correr há oito anos
e, em 2006, arriscou-se na São
Silvestre. Hoje, estará na Paulista novamente. Aos 84 anos, é
o mais velho inscrito.
"Meus filhos correm e me incentivaram. Uma pessoa de
idade, quando fica parada, só
piora", afirma o competidor.
Marchetti treina por cerca de
uma hora e meia três vezes por
semana. Também continua trabalhando em sua oficina.
"Eu comecei andando. Aí
passei a correr 5km, 10km,
15km e vi que dava. Essa é minha segunda São Silvestre, mas
eu quero mais", diz.
(MARIANA LAJOLO E PAULO COBOS)
Texto Anterior: Que ano!! Próximo Texto: Frase Índice
|