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Na despedida, Vanderlei diz que só quer festejar
Atleta descarta pódio na São Silvestre, sua última competição como profissional
Ex-bóia-fria que chegou ao pódio olímpico, fundista afirma que não conseguirá se distanciar do esporte e seguirá como atleta amador
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de ter feito história
no atletismo brasileiro, Vanderlei Cordeiro de Lima, 39,
nunca venceu uma edição da
São Silvestre. E não tem a menor pretensão de fazer isso hoje, quando encerrará, nas ruas
de São Paulo, sua carreira iniciada há mais de 20 anos.
"A única coisa que quero é
me despedir das competições
como profissional com muita
festa, sentindo a energia do público, que sempre me apoiou e
me deu muita força", disse Vanderlei, ontem, em entrevista
coletiva que reuniu os nomes
mais badalados da prova.
Ao lado de compatriotas que
ainda não falam em aposentadoria, como Franck Caldeira
(vencedor da São Silvestre em
2006) e Anoé dos Santos (terceiro colocado na edição do ano
passado), Vanderlei afirmou
que conhece os seus limites e
que não está em condições de
lutar pelo título nesta tarde.
"Respeito a minha condição
física e não vou entrar na corrida para fazer marca. Só quero
mesmo é confraternizar", disse
ele, que desde abril sofre com
uma inflamação no púbis.
O clima de despedida durante a entrevista, que teve direito
a depoimentos cheios de elogios de outros fundistas que hoje ocupam lugar de destaque no
esporte e se dizem fãs de Vanderlei, foi amenizado pelo corredor, que disse não ter a intenção de deixar as provas de rua.
"Minha vida é a corrida, não
vou conseguir viver fora desse
meio. Espero que a partir do dia
1º [amanhã] eu possa participar
de mais 50 São Silvestres, mas
como atleta amador."
A prova que marcará a despedida desse paranaense dos pelotões de elite é a mesma que o
revelou em 1992.
Ex-bóia-fria e fã de atletismo
desde 1984, quando viu João
Cruz vencer os 800 m na Olimpíada de Los Angeles, Vanderlei conquistou o quarto lugar na
São Silvestre há 16 anos e começou a escalada que o levaria
até o pódio olímpico, em 2004.
Em Atenas, ele obteve um
histórico bronze na maratona,
quando chegou a liderar antes
de ser agarrado pelo ex-padre
irlandês Cornelius Horan.
"Cada corrida de que participei tem uma história, um detalhe. Uns são tristes, outros são
ótimas recordações, mas o importante é que tive a oportunidade de ser alguém e construir
uma história", disse o atleta,
que, ainda adolescente, sonhava em fazer carreira no futebol.
O ouro perdido na Grécia não
seria, porém, o primeiro dele
em maratonas. Em Reims-1994, Tóquio-1996, São Paulo-2002 e Hamburgo-2004, Vanderlei já havia sido o melhor.
Agora, quer passar a experiência aos mais novos. Avisa que,
como atleta amador e técnico,
continuará sua história.
(GIULLIANA BIANCONI E RENAN CACIOLI)
NA TV - Corrida de São Silvestre
Globo, ao vivo, às 16h30
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