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São Silvestre coroa Clube do Bolinha das ruas no Brasil
Mesmo com mudança no horário, participação feminina deverá ficar em 15%, contra até 45% em corridas nos EUA
Especialistas apontam falta de estrutura para mulheres na famosa prova paulistana; eventos na cidade começam a dar atenção especial a elas
MARIANA LAJOLO
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
No Brasil, corrida de rua ainda não é coisa de mulher.
A São Silvestre é só mais uma
prova disso. Apesar de um leve
aumento na participação feminina depois da unificação dos
horários das provas amadoras
dos dois sexos, as mulheres devem responder por cerca de
apenas 15% dos 20 mil competidores que irão largar hoje na
tradicional prova paulistana.
Em outras competições importantes do atletismo de rua
nacional, a participação feminina é ainda mais inexpressiva.
Na última Maratona de São
Paulo, por exemplo, só 9% dos
competidores que completaram a corrida eram mulheres.
Números que ficam bem
abaixo dos de outros países.
Nas três mais importantes maratonas dos EUA (Boston, Chicago e Nova York), a presença
feminina varia de 37% a 45%.
Em São Paulo, houve maioria
feminina só em uma prova organizada pelo shopping Iguatemi, com inscrição a R$ 180.
Para Nelson Evêncio, técnico
de atletismo, existem explicações para a baixa participação
feminina nas provas de rua.
"Mesmo nos treinos, os grupos têm menos mulheres, geralmente 30%. Antes, a São Silvestre não era muito procurada
por elas por causa do horário
[competiam sob um sol escaldante]. Agora, é porque a prova
é muito cheia, elas ficam espremidas, precisam usar o mesmo
banheiro que os homens, são
atropeladas", diz Evêncio.
O técnico sugere a criação de
área de aquecimento e banheiros exclusivos para aumentar o
número de mulheres na prova.
Isso já aparece em outras
corridas pela cidade, em que é
possível encontrar espaços separados para corredoras com
sanitários, guarda-volumes e,
em alguns casos, até massagem.
Márcia Shiraishi, 47, correu a
São Silvestre duas vezes. Agora,
entretanto, não quer mais saber da corrida. "O horário era
muito ruim, o clima estava
muito quente, e agora, com todo mundo junto, temo a bagunça da largada", diz a corredora.
"A estrutura também não é
como a de outras provas", afirma ela, que pretende correr a
Maratona de Roma em 2010.
José Rubens D'Elia, fisiologista especializado em corrida,
dá dica para as mulheres se
adaptarem à São Silvestre.
"Em qualquer lugar do mundo, as grandes provas de rua
têm pelotões gigantes. Quem
tem mais experiência aprende
a melhor forma de largar, mas,
para quem não tem, eu aconselho chegar três horas antes e
procurar um local confortável."
"Quem tem mais sensibilidade pode largar no final. Você vai
demorar quase um quilômetro
para começar a correr, mas fica
mais tranquilo", conclui D'Elia.
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