São Paulo, quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

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JUCA KFOURI

O grande triunfo de Lula


Nesta hora de balanço sobre 2009, uma certeza: a escolha do Rio como sede olímpica foi a maior vitória


POLÍTICOS SÃO uma gente especial. Diferente mesmo. Desdizem hoje o que disseram ontem e dizem amanhã o que juraram jamais dizer.
Basta ver a metamorfose acontecida com o presidente Lula, que um dia viu 300 picaretas no Congresso Nacional e hoje acha que a imprensa é muito crítica em relação aos senhores deputados e senadores.
A frase sobre os 300, que até virou música do grupo Paralamas do Sucesso, foi dita no governo Itamar Franco, quando explodiu o escândalo da CPI do Orçamento.
Lula, na oposição, fazia do mau humor seu marketing pessoal ao argumentar que não poderia sorrir diante do que via na situação nacional. Até camisetas havia.
Hoje, ao contrário, só falta chamar de fracassomaníacos, como fazia seu antecessor FHC, àqueles que ainda insistem em apontar as mazelas mesmo diante de um presidente com mais de 70% de aprovação, algo estupendo, sem dúvida, mas não suficiente para canonizá-lo, pelo menos por enquanto...
Tudo isso para lembrar o discurso presidencial na cerimônia de premiação do COB aos melhores atletas do ano. Lula pintou e bordou, foi o astro da noite, aplaudido em cena aberta, assim como se fosse um Chico Anysio em seus melhores momentos, porque, além do mais, pôs as pessoas a gargalharem.
Sim, Lula, capa da "Le Monde Magazine" na França, "o cara", teve mais um ano vitorioso no sétimo de sua gestão tão bem avaliada pela população brasileira.
Não é difícil imaginar quantos tucanos se coçam de inveja ao vê-lo brilhar lá fora quase tanto quanto brilha aqui.
Ainda mais que, na inexpugnável cidadela tucana, em São Paulo, as coisas vão mal, com enchentes tão criminosas como a insegurança do Rio de Janeiro, por mais que a propaganda oficial prometa maravilhas (até com testemunhos de "jornalistas", uma vergonha estadual) por causa da ampliação das marginais e do Rodoanel.
Lula fez mais que Cesar Cielo, que Adriano, que Ronaldo Fenômeno, que Luis Fabiano, que Bernardinho, Poliana Okimoto ou José Roberto Guimarães pelo esporte brasileiro neste ano que se vai: ele trouxe os Jogos Olímpicos para o Rio em 2016.
Seja quem for o presidente da República na cerimônia de abertura dos Jogos, se é que não será o próprio Lula -ou pós-Dilma para garantir 16 anos de gestão petista, ou pós-choradeira tucana pela "herança maldita" que precisou ser desmontada na máquina pública e nos fundos de pensão, além do sindicalismo à Argentina etc. e tal-, seja quem for, repita-se, terá de homenagear o papel dele para que a escolha do Rio, enfim, acontecesse.
Nada, no entanto, que faça hoje do Rio uma cidade melhor do que Madri, Tóquio ou Chicago, como Lula entre o sério e o brincalhão quis demonstrar na festa do COB. Nem hoje nem provavelmente daqui a sete anos, embora, de fato, estejamos diante de uma oportunidade de ouro para ver a Cidade Maravilhosa renascer em seu esplendor dos anos 50/60.
Para tanto, certamente, serão muito úteis aqueles que marcarão homem a homem cada passo da empreitada em 2010, 11, 12, 13...

blogdojuca@uol.com.br


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