Clique aqui para saber como ouvir arquivos de som
Edição de 14/5/97
Amazonino e Serjão
Neste trecho, começa a ficar mais clara a participação do governador
Amazonino Mendes, do Amazonas, e do ministro das Comunicações, Sérgio Motta, de acordo com
as gravações em poder da Folha.
Segundo o deputado João Maia (PFL-AC), os deputados do Acre esperavam receber
dois pagamentos pela reeleição. Um do governador do Acre, Orleir
Cameli, e "outro apoiamento a (sic) nível federal".
Nesta parte da conversa, João Maia afirma que o dinheiro recebido pelos parlamentares acreanos,
embora entregue por Orleir Cameli, foi providenciado por Amazonino Mendes e por Sérgio Motta. (FERNANDO RODRIGUES)
Senhor X - Aquele cheque vocês devolveram?
Maia - É, mas ele, ele, ele cobriu, né?
Som Real Audio
Som no formato wave
Senhor X - Ele (Orleir) cobriu?
Maia - Cobriu. No meu caso, pelo menos, ele cobriu.
Som Real Audio
Som no formato wave
Senhor X - Ele cobriu? Mas acho que ele deu uma enroladinha em alguém por aí, não deu não?
Maia - Enrolou nós mesmos porque aquele dinheiro era o dinheiro do Amazonino. Que o
Amazonino mandou trazer, por ordem do... do... menino aqui, do Serjão. Ele pegou emprestado do
Amazonino e cobriu o cheque.
Som Real Audio
Som no formato wave
Senhor X - Ah, foi?
Maia - Esse dinheiro seria um
outro apoiamento a (sic) nível federal, sabe? Porque aquilo ali, o Orleir é vivo também, né? Ele não é
besta. Sabia que estava tudo reservado. E já estava o dinheiro aí, o dinheiro e coisa. E daí que chegou
o Orleir andou sabendo e, quer dizer: 'Não admito isso, não sei o quê'. Mas o Amazonino, disse,
olha: 'Ficou mais fácil para ele'. Pegou e emprestou o dinheiro para o Orleir, ele cobriu o cheque,
aquele dinheiro mesmo, esse cheque não ficou nem algumas horas na mão...
Som Real Audio
Som no formato wave
Senhor X - Esse cheque foi o que o Eládio trouxe de Manaus?
Maia - Sim, sim, sim.
A ciranda dos contatos
Neste trecho, o deputado João Maia explica com detalhes como era realizada a abordagem de parlamentares da região Norte na
época da votação da reeleição, em janeiro passado.
Segundo Maia, tudo começava com um contato inicial feito pelo
deputado Pauderney Avelino, na época do PPB-AM e hoje com entrada anunciada no PFL.
Se havia interesse por parte do parlamentar em negociar seu voto,
diz João Maia, o passo seguinte era um contato com o então presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
Em seguida, sempre segundo João Maia, Luís Eduardo se incumbia de agendar um encontro
do deputado interessado com o ministro das Comunicações, Sérgio Motta. De Motta, o parlamentar era encaminhado para o governador Amazonino Mendes, do
Amazonas, que coordenava a votação da reeleição junto aos deputados da região Norte:
Senhor X - O Orleir se sentiu ferido com o Amazonino estar em Brasília coordenando o voto de vocês?
Maia - É. E coincidiu que exatamente ele estava... Tinha saído lá e estava lá no... conversando com o
Amazonino. E já tinha sido o Sérgio Motta -isso aí aqui na Presidência, né? Luís Eduardo vai falar
com o Sérgio Motta, Sérgio Motta fala com o Amazonino, só que seria um troço..., quer dizer, não teria nada a ver com Orleir pagar os
atrasados dele. O filho da puta! Quer dizer, né? Também o Amazonino acabou entregando e participando, eu sei, ele, o Pauderney,
que é outro sacana, aí. Esse dinheiro era para o Orleir ter que pagar as dívidas dele atrasadas, você entendeu? Mais esse, Serjão
e Amazonino. Mas, o problema é o seguinte: naquela época, bicho, eu estou jogando muito em função da sobrevivência política, pessoal, familiar
minha.
Som Real Audio
Som no formato wave
Senhor X - Claro, claro...
Maia - Não jogo com essa hipocrisia de dizer: não dá para perdoar o que eu estou fazendo ainda que pode, etc e tal.
Som Real Audio
Som no formato wave
Senhor X - Na realidade, o liberado foram 200? Do Orleir?
Maia - É, o Orleir, 200.
Som Real Audio
Som no formato wave
Senhor X - Aí não ficou devendo 100 a você e 100 ao Roni?
Maia - Não, não. Ele tinha de fato ... esses 200, ele pagou os dois, pra mim ele pagou os dois.
Som Real Audio
Som no formato wave
Senhor X - Mas você sabe que na cabeça dele ele pagou pelo voto da reeleição.
Maia - Sim, é claro. Mas é uma coisa que eu estou dizendo. Eu estou ali também, no fundo, esse
pessoal é sacana, filho da puta. Na realidade, ele queria, mais uns outros daqui, Serjão e de Amazonino. O negócio
cruzou aqueles troços. O Amazonino... Mas na última hora...
Som Real Audio
Som no formato wave
Senhor X - O Pauderney em cima. O aliciamento começou com ele?
Novo trecho em áudio
Maia - Pelo que eu sei bem é o seguinte: eram os 200 do Serjão, via Amazonino, que era a cota federal,
aí do acordo... Ele falou, pra todo mundo, aí, meio mundo, aí. Eu falei com o Luís Eduardo. O
Luís Eduardo marcou uma audiência com o Serjão. Daí, o Serjão marcou com o Amazonino. Acho que foi na quinta, à noite.
E, depois, na segunda, fui lá falar com o Amazonino. Só que tinha chegado o Orleir, e nesse tempo o Orleir acabou pegando
a gente lá.. Sabe? E volta de novo... E aí deu aquela coisa. Eu disse: 'Não senhor. São duas coisas distintas.
Tem aí os nossos acertos, os nossos atrasados, e também tem essa coisa aqui
que é federal'. Ele falou: 'Eu não acredito', não sei o quê. Eu disse para ele: 'Tem os atrasados'. E ele:
'Não, não sei o quê'. Daí ele mandou entregar. Isso foi na segunda de manhã. Não, foi na terça...
Som Real Audio
Som no formato wave
Edição de 13/5/97
O negócio
Neste trecho, o deputado Ronivon Santiago (PFL-AC) é indagado sobre um suposto pagamento
que o governador do Acre, Orleir Cameli, teria de fazer aos
deputados federais do Estado -com alguma ligação a aprovação
de projetos no Orçamento federal.
O deputado muda de assunto e diz que recebeu apenas R$ 100
mil "agora para a votação". No final deste trecho, é possível
identificar que "a votação" era a da emenda da reeleição.
Ronivon também explica que recebeu R$ 100 mil em dinheiro. E
mais R$ 100 mil lhe seriam pagos por intermédio de uma
empreiteira, a CM. Essa empresa teria executado uma obra para
o governo do Acre e lhe repassaria R$ 100 mil quando recebesse
o pagamento do governador Orleir Cameli. (FERNANDO RODRIGUES)
Senhor X - Ele (Orleir Cameli) não pagou nada daqueles do Orçamento de 94, de 95?
Ronivon Santiago - Não. Ele me deu R$ 100 mil... R$ 100 mil
agora para a votação. Deu em cheque e em dinheiro. Me deu um
cheque. Aí, depois, me deu dinheiro. Eu devolvi o cheque. Me
deu R$ 100 mil, em dinheiro.
Som Real Audio
Som no formato wave
Senhor X - Para a votação?
Ronivon - É. Mas, dentro daquele negócio. Aí, eu fui e acertei
com ele. Eu digo, olha, faz o seguinte: aí tem uma nota para mim,
quando eu receber de 400 e poucos mil de um (trabalho) que a
firma fez, que é para poder me reter o meu dinheiro. Mas está lá
para pagar e até hoje não pagou esse dinheiro. E esse dinheiro
que dá para pagar todos esses pagamentos. Estou aguardando.
Som Real Audio
Som no formato wave
Senhor X - Mas, me diga uma coisa. Ele não deu 200 mil para cada um?
Ronivon - Mas eu peguei só 100.
Som Real Audio
Som no formato wave
Senhor X - E quem foi que pegou?
Ronivon - Não, todo mundo pegou 200.
Som Real Audio
Som no formato wave
Senhor X - Todo mundo pegou 200... pela votação?
Ronivon - E eu peguei 100. Mas eu tinha um assunto meu. Que
ele ia me pagar isso aqui. Aí ficou pra CM. Aí, eu, né...? Ficou
pra CM, porque a empresa que está lá, pra faturar essa nota, que
é para poder me pagar tudo. Aí, ficou dentro os meus outros 100.
Tô pra receber, ele vai me pagar...
Som Real Audio
Som no formato wave
Senhor X - Orleir chegou a dizer a algumas pessoas lá no Acre que os votos tinham sido pagos...
Ronivon - 200 paus.
Senhor X - 200 paus para cada um?
Ronivon - É.
Senhor X - E você, tirou 200?
Ronivon - Só um. Mas eu tenho... vou receber. Está negociado.
Senhor X - O João Maia também recebeu os 200?
Ronivon - Recebeu.
Som Real Audio
Som no formato wave
Senhor X - Os 200?
Ronivon - Todo mundo... Osmir, Zila...
Som Real Audio
Som no formato wave
Senhor X - Então quer dizer que, nesse caso, na reeleição, tudo o que se votou, isso? Hein? O Inocêncio não lhe arrumou nada de dinheiro, não?
Ronivon - Não. Inocêncio, não.
Índice