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VOCÊ É O CONTISTA
Uma loucura
MAX GIMENES
ESPECIAL PARA A FOLHA
Fernando assistia a uma
aula qualquer. Sua atenção, no entanto, estava
voltada ao seminário que teria
de apresentar ainda naquele
dia. Professora brava, matéria
difícil e timidez, uma combinação perigosa e preocupante.
Estava inquieto, repassando
mentalmente pela trigésima
vez o roteiro da apresentação.
Perdera-se por longo tempo no
labirinto da própria cabeça,
passeio que andava ocorrendo
com alguma frequência.
De súbito, sobressaltou-se.
Constrangido, espiou ao redor
com cautela, à procura de qualquer indício de que seu devaneio houvesse sido notado. Envergonhado, imaginava se por
acaso sua boca emitira algum
som ou se movera, se sua expressão facial havia mudado
bruscamente ou coisa pior.
A conversa consigo mesmo
havia sido bastante acalorada,
pensava se a alteração de sua
respiração havia sido percebida. Como saber? Não sabia.
No fundo, a única coisa que
pensava saber com certeza é
que estava ficando louco. Mas,
enquanto ninguém percebesse,
estaria tudo bem. Afinal, um
louco que é louco apenas para si
mesmo não é um louco de verdade. Ao contrário, talvez seja
até lúcido demais...
MAX GIMENES, 21, é estudante em São Paulo
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