São Paulo, segunda-feira, 01 de fevereiro de 2010

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VOCÊ É O CONTISTA

Uma loucura

MAX GIMENES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Fernando assistia a uma aula qualquer. Sua atenção, no entanto, estava voltada ao seminário que teria de apresentar ainda naquele dia. Professora brava, matéria difícil e timidez, uma combinação perigosa e preocupante.
Estava inquieto, repassando mentalmente pela trigésima vez o roteiro da apresentação. Perdera-se por longo tempo no labirinto da própria cabeça, passeio que andava ocorrendo com alguma frequência.
De súbito, sobressaltou-se. Constrangido, espiou ao redor com cautela, à procura de qualquer indício de que seu devaneio houvesse sido notado. Envergonhado, imaginava se por acaso sua boca emitira algum som ou se movera, se sua expressão facial havia mudado bruscamente ou coisa pior.
A conversa consigo mesmo havia sido bastante acalorada, pensava se a alteração de sua respiração havia sido percebida. Como saber? Não sabia.
No fundo, a única coisa que pensava saber com certeza é que estava ficando louco. Mas, enquanto ninguém percebesse, estaria tudo bem. Afinal, um louco que é louco apenas para si mesmo não é um louco de verdade. Ao contrário, talvez seja até lúcido demais...


MAX GIMENES, 21, é estudante em São Paulo

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