São Paulo, segunda, 1 de fevereiro de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

crise
Brasil perde shows com a alta do dólar

SILVIA RUIZ
da Reportagem Local

Kiss, Deep Purple, Aerosmith e outras atrações internacionais cotadas para vir ao país este ano podem ficar só na promessa. A crise econômica e a alta do dólar já estão afetando o calendário de shows para 99.
Entre os principais nomes confirmados estão apenas Bad Religion (9/3, em SP), Bruce Dickinson (20/4, no Olympia, em SP) e Prodigy (em maio, no Sambódromo, em SP).
"O Kiss, que tocaria no dia 16/4, não vem com o dólar na atual cotação", afirma José Muniz Neto, da produtora Mercury Concerts, responsável por alguns dos maiores shows.
"O Brasil, que nos últimos quatro anos havia ficado mais próximo da rota das grandes turnês, deve voltar a ter um show desse porte a cada seis meses", diz Muniz.
Segundo as produtoras, o custo para trazer artistas internacionais, que já era alto devido à cobrança de impostos (chega a 60% em alguns Estados), deve ficar impraticável com a alta do dólar.
"Um cachê de US$ 100 mil vai custar cerca de R$ 195 mil, sem falar no custo das passagens, também cobradas em dólar", diz Célio Fernandes, proprietário da Joker Entertainement, produtora responsável pelo festival Close Up Planet.
Segundo ele, para cobrir as despesas, o preço dos ingressos teria de aumentar, o que afastaria boa parte do público.
O circuito independente de shows também terá baixas. A Hanx!, que trouxe oito bandas ao país (Misfits entre elas) em 98, cancelou a vinda do Face to Face, mas ainda tenta negociar com três outros grupos: Vibrator, Queers e Seven Seconds.
"Adiamos tudo para daqui a 20 dias. Nosso esquema é menor, o que facilita um pouco as coisas, mas estamos com medo de nos comprometer com orçamentos em dólar", diz Renato Martin, sócio da empresa.
A Motor Music, que também atua no circuito indie, confirmou sua programação para este ano. Seaweed (banda americana de hardcore) toca no final de abril, e Man or Astroman? volta a São Paulo em agosto.
O Close Up Planet, o Skol Rock e o Philips Monsters of Rock devem ser mantidos, pois o patrocínio desses festivais já havia sido garantido no ano passado. Prodigy toca no Close Up, Metallica, Corn e Death Tones são as bandas cotadas para o Monsters. Já o Skol Rock ainda não tem programação definida.
As apresentações que ainda dependiam de fechar patrocínio podem ficar na geladeira por tempo indeterminado. "As empresas que patrocinam esses shows vão abortá-los, pelo menos até que a situação econômica esteja mais definida", acredita Fernandes. É esperar e torcer.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.