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crise
Brasil perde shows
com a alta do dólar
SILVIA RUIZ
da Reportagem Local
Kiss, Deep Purple, Aerosmith
e outras atrações internacionais cotadas para vir ao país este ano podem ficar só na promessa. A crise econômica e a alta do dólar já estão afetando o
calendário de shows para 99.
Entre os principais nomes
confirmados estão apenas Bad
Religion (9/3, em SP), Bruce
Dickinson (20/4, no Olympia,
em SP) e Prodigy (em maio, no
Sambódromo, em SP).
"O Kiss, que tocaria no dia
16/4, não vem com o dólar na
atual cotação", afirma José Muniz Neto, da produtora Mercury Concerts, responsável por
alguns dos maiores shows.
"O Brasil, que nos últimos
quatro anos havia ficado mais
próximo da rota das grandes
turnês, deve voltar a ter um
show desse porte a cada seis
meses", diz Muniz.
Segundo as produtoras, o
custo para trazer artistas internacionais, que já era alto devido à cobrança de impostos
(chega a 60% em alguns Estados), deve ficar impraticável
com a alta do dólar.
"Um cachê de US$ 100 mil vai
custar cerca de R$ 195 mil, sem
falar no custo das passagens,
também cobradas em dólar",
diz Célio Fernandes, proprietário da Joker Entertainement,
produtora responsável pelo
festival Close Up Planet.
Segundo ele, para cobrir as
despesas, o preço dos ingressos
teria de aumentar, o que afastaria boa parte do público.
O circuito independente de
shows também terá baixas. A
Hanx!, que trouxe oito bandas
ao país (Misfits entre elas) em
98, cancelou a vinda do Face to
Face, mas ainda tenta negociar
com três outros grupos: Vibrator, Queers e Seven Seconds.
"Adiamos tudo para daqui a
20 dias. Nosso esquema é menor, o que facilita um pouco as
coisas, mas estamos com medo
de nos comprometer com orçamentos em dólar", diz Renato
Martin, sócio da empresa.
A Motor Music, que também
atua no circuito indie, confirmou sua programação para este ano. Seaweed (banda americana de hardcore) toca no final
de abril, e Man or Astroman?
volta a São Paulo em agosto.
O Close Up Planet, o Skol
Rock e o Philips Monsters of
Rock devem ser mantidos, pois
o patrocínio desses festivais já
havia sido garantido no ano
passado. Prodigy toca no Close
Up, Metallica, Corn e Death
Tones são as bandas cotadas
para o Monsters. Já o Skol Rock
ainda não tem programação
definida.
As apresentações que ainda
dependiam de fechar patrocínio podem ficar na geladeira
por tempo indeterminado. "As
empresas que patrocinam esses
shows vão abortá-los, pelo menos até que a situação econômica esteja mais definida",
acredita Fernandes. É esperar e
torcer.
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