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Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br
Intelectual também gosta de barraco
Bilhete da Mega-Sena que deu zebra. Médicos que
brigaram em pleno parto. Orca que matou a treinadora.
A semana teve muitas notícias chocantes, mas nenhuma me interessou mais do que um barraco envolvendo
um dos maiores escritores vivos, o inglês Martin Amis.
A encrenca, entre Amis e a mulher de um amigo dele
que morreu, rolou no diário "Guardian", de Londres.
Tudo começou com um texto de Amis reclamando de
que era malvisto pela imprensa. Sua imagem pública de
sujeito antipático e distante, alegava, não passa de distorção induzida pela mídia.
Ficaria por isso mesmo, se não fosse a ex-apresentadora de TV Anna Ford. Ela foi casada com um amigo de
Amis, Mark Boxer, morto em 1988. Quando viu Amis
posando de santo, Anna não aguentou e mandou uma
carta para o jornal.
Segundo ela, Amis raramente aparecia para visitar o
amigo doente. E, quando aparecia, fumava ao lado da cama, poluindo o quarto do moribundo.
Ela dizia se lembrar também de uma vez em que Amis
passou horas na cabeceira do amigo -não por solidariedade, mas porque precisava fazer hora para pegar um
voo no aeroporto ali perto.
Anna contou mais uma história horrível. Disse que a
filha dela com Boxer é afilhada de Amis. Um belo dia, na
universidade, a moça foi estudar a obra de Martin Amis
e perguntou à mãe: "A senhora conhece esse autor?". A
mãe: "Ele é seu padrinho".
Amis ficou possesso, respondeu no próprio jornal. Admitiu ser péssimo padrinho, 100% ausente, mas negou
todo o resto. E soltou ironia pesada para cima de Anna:
"Uma característica de seu texto não se pode negar: a
simplicidade".
Mesmo que você não faça ideia de quem são as figuras
envolvidas, vale muito a pena ler. É em inglês, mas tudo
curto, simples e direto. Bem direto.
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