São Paulo, segunda-feira, 01 de junho de 2009

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Frases

Eduardo Anizelli/Folha Imagem
Albertina Schiffini Pichirillo, 90

Henrique Moita, 18
'Acabei de começar a faculdade de engenharia. Fiz curso de inglês, acho que tenho um nível avançado. É superimportante, o mercado exige. Arranho o espanhol também. Uso bastante a internet, pelo menos duas horas por dia. Tenho MSN, Orkut... Gosto de ler, já li todos os livros do Harry Potter! Saio aos fins de semana, vou ao shopping, ao cinema, à casa de amigos... Barzinho, às vezes. Quando rola, fico com uma garota -mas nunca com desconhecida. Muitos amigos curtem, eu não. Acho que hoje o jovem tem mais liberdade para fazer as coisas que quer. Hoje, aos 18, tenho mais possibilidades, mais direitos, mais responsabilidades...‘

Ricardo Levi, 36
'Aos 18, a gente saía e ficava, não tinha esse lance de pedir em namoro. Sexo já era uma realidade, poucos eram virgens. E todo o mundo já usava camisinha. Não existia nem celular. O máximo que existia era secretária eletrônica de fita cassete. Mas as pessoas se ligavam só pra conversar. E, no aniversário, todo o mundo ligava, não tinha essa coisa impessoal de scrap. Computador, aliás, já existia, mas a impressora era matricial e o sistema, MS-DOS. Windows era supervanguarda. E CD era caro. Todo o mundo tinha vitrola e disco de vinil.‘

Jaíra Reis, 54
'Era um tempo de passagem de uma cultura para a outra, de conquista de liberdades do corpo. Os frutos da contracultura ainda não existiam na prática. Na universidade, tomei consciência da ditadura em que a gente vivia. Lá, a gente ouvia muito Chico Buarque, Gil e Caetano. E o popular eram os programas do Chacrinha e do Silvio Santos, que era na Globo. Tinha festas em clube e as festas hi-fi, na casa de amigos, com salsicha no palito, ouvindo coisas como Beatles e Fevers. As pessoas bebiam cuba libre e martíni. Na minha família, sair só com amigas, nunca. Tinha que ser com o irmão mais velho. E 99,9% das mulheres só saíam de casa ao se casar.‘

Frederico Betcher, 72
'Aos 18, eu estava no último ano de contabilidade e trabalhava como contínuo no Banco do Brasil. Eu já era um adulto. Meus amigos eram do bairro. A gente ia a bailinhos de aniversário nos fins de semana. Entravámos como ’furões’, sem sermos convidados. Os namoricos na época eram mais difíceis e começavam com o ’trottoir’: as meninas ficavam andando pelo passeio e os me ninos tentavam se aproximar, com uma conversa mole. Nem sempre rolava um beijo no mesmo dia. Não tinha sexo. De jeito nenhum. Havia as mulheres para isso... Elas ficavam em alguns bares. Eu não ia.‘

Albertina Schiffini Pichirillo, 90
'Ai, não me lembro de mais nada! Eu nasci em 1919. Aos 18 anos, trabalhava na fábrica de caixinhas de papelão e meu marido, na fábrica de vassouras. Eu e as outras pregávamos peças nas meninas que chega vam à fábrica. Meu apelido era Berta. Eu queria ser uma rainha! Eu me dava bem com os meus pais, nunca pulei a janela de casa para namorar... eu era boaziiiinha! Nunca saí para dançar. Quem tem 90 anos, eu? Eu não... eu tenho 18!‘

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