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Mulheres, clipes e shows que valem a pena
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
especial para a Folha
Madrugada úmida e fria, na TV
espectadores fazem seus pedidos
de videoclipes. Liga uma menina
de 16 anos, de Londrina (PR). Ela
quer "qualquer um do Sonic
Youth, menos 'Bull in the Heather'".
Alguém tem o bom gosto de
atender, programando "Superstar", a versão estonteante do Sonic Youth para a triste melodia
dos Carpenters. É nesse clipe que
a baixista Kim Gordon aparece
tocando bateria, como Karen
Carpenter.
Numa cidade perdida de um
país esquecido, alguém de 16 anos
quer ver Sonic Youth. É uma esperança.
Falando na quarentona Kim
Gordon: na recente edição da
"Rolling Stone" sobre mulheres
no rock, ela deu um depoimento
irônico e bem-humorado. Pergunta: "Algum conselho que você gostaria de dar?" Resposta:
"Não deixe que suas paqueras se
transformem em obsessões".
Anote.
Em compensação, na mesma
revista, Shirley Manson, do Garbage, mostra que beleza e sabedoria compõem mesmo uma equação improvável. Uma página inteira e nada que valha mais do que
dois segundos de reflexão. Pena.
Throwing Muses acabou de vez.
A banda da região de Boston que
transformou esquizofrenia em
rock and roll cambaleava havia
alguns anos.
Primeiro, saiu Tanya Donnely,
que formou a Belly. A irmão de
criação dela, Kristin Hersch, tentou carreira solo, depois ressuscitou a banda e agora resistiu.
Throwing Muses fazia música
torturada para solitários. Seu fim
representa uma esperança a menos para os jovens de sangue nas
veias.
Estão sendo relançados nos Estados Unidos dois álbuns do lendário Pussy Galore, "Right
Now!" e "Dial M for Motherfucker". Encomende na sua lojinha
preferida, e entenda onde niilistas
contemporâneos, como o Atari
Teenage Riot, aprenderam a gostar de barulho.
A jornalista Denise Bobadilha,
colaboradora da Ilustrada em
Londres, manda e-mail contando
sobre um show que viu no estádio
de Wembley: Radiohead, com
abertura de Teenage Fanclub e DJ
Shadow.
O Radiohead tocou por mais de
duas horas, sem esquecer uma
única faixa de sua recente
obra-prima, "Ok Computer".
DJ Shadow fez a rapaziada viajar,
enquanto Teenage Fanclub despejou, com suas guitarras, os habituais 35 minutos que valem por
uma vida.
A revista americana "Alternative Press" informa que Scott
Wieland, ex-cantor do Stone
Temple Pilots, está gravando seu
primeiro álbum solo, depois de
ser chutado da banda por dependência incontrolável de heroína.
Segundo Wieland, o disco será
"muito experimental". Cuidado.
O clipe de "Everlong", dos Foo
Fighters, é legal daquele jeito
mesmo, ou tudo não passa de um
sonho?
Álvaro Pereira Júnior, 34, é chefe de Redação
da Rede Globo
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