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comportamento
Eu gosto de caras + velhos
Garotas
menores de idade contam os prós e
os contras de seus namoros com homens maiores; lei diz que acima de 14 anos, tudo bem
Eduardo Anizelli/Folha Imagem
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Marina Raffani Santos, 18, descartou um cara de 30 porque ele não crescia; agora, namora Humberto Lima, 26
DÉBORA YURI
LUANA VILLAC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Você abraça e
sente um homem, não um
menino", explica Paula*, 16.
"Ele já passou por tudo que eu
tô passando", diz Luiza Cirne
de Toledo, 17. "Eu me sinto segura. Preciso estar com alguém
que tenha um plano", afirma
Marina Raffani Santos, 18. As
três fazem parte do mesmo
grupo: o das adolescentes que
se apaixonam e namoram homens mais velhos.
O grupo em questão deixou
de ser assunto apenas nas rodas
de porta de colégio na semana
passada, quando a cantora Mallu Magalhães assumiu o romance com Marcelo Camelo,
ex-Los Hermanos. Ele tem 30
anos; ela, 16.
Saiu da boca de Mallu uma
sentença que já entrou para a
antologia do "amor não tem
idade": "Aquilo era amor transbordando do meu corpo. Era
sentimento puro que havia entre nós naquele momento, e eu
resolvi que não iria segurar, que
tinha que deixar fluir. Estou
loucamente apaixonada", disse
(leia mais na coluna Escuta
Aqui, na página 10).
Bia*, 17, estagiária, que namora há 12 meses o programador Eduardo*, 29, diz que 12
anos de diferença "não atrapalham". "Eu me dou bem com os
amigos dele. Não é porque sou
mais nova que estou por baixo",
afirma ela, para quem "a idade
só aparece nas brigas".
Os dois se conheceram no
trabalho. Eduardo diz que algumas pessoas estranham seu namoro. "Para os meus pais, mentimos a idade dela, falamos que
ela tem 18. Isso evita comentários toscos, como "toma cuidado, ela é menor de idade'", diz
ele, que com os pais dela garante se dar "superbem".
Para Luiza Cirne de Toledo,
17, a idade não é problema, e
sim fascínio. "Quando eu tinha
14 anos, namorei um cara de 18.
Com 15, namorei outro de 22.
Os homens mais velhos são
atraentes. Eles têm muito mais
coisa pra te mostrar", diz. "Meu
namorado está no 4º ano de direito, trabalha, já passou por
crise de ficar longe dos pais para fazer faculdade", ela lista.
Os pais de Luiza não gostavam de seus namorados mais
velhos. "Eles achavam que eu ia
pensar em sexo quando as minhas amigas pensariam em beijar na boca. Você acaba fazendo
o que o seu namorado faz, mas
ele nunca me influenciou em
coisas como cigarro e bebida."
Para o psicólogo Miguel Perosa, professor de psicologia da
adolescência da PUC-SP, o que
define a qualidade de um namoro é a expectativa de cada
parceiro. "O que uma menina
de 16 anos busca num homem
de 30? A segurança de um pai?
A admiração a um ídolo? A experiência diante da insegurança da adolescência?", reflete.
Dependendo disso, continua,
a relação se estabelecerá baseada em respeito ou submissão,
liberdade ou posse, consideração às individualidades ou afirmação de um sobre o outro.
"Um relacionamento saudável
incentiva a realização dos sonhos pessoais de cada um."
"Não namore criança"
Depois de ficar quatro anos
com um cara de 30 e terminar
"porque ele não cresceu e não
acompanhou", Marina Raffani
Santos, 18, passou a namorar
um aluno de direito de 26.
"Ele trabalha, sabe onde quer
chegar. Idade faz diferença,
nunca gostei de meninos da minha idade. Eles são inseguros,
não sabem o que querem da vida, as mães controlam... Eu falo
para as minhas amigas: "Não
namore criança'", ela diz.
"Eles não acompanham, não
dá para agüentar", concorda
Marcela Casarini, 15, que namora o chef Henrique Maldonado, 21. "No começo, pensei
que não daria certo", ele conta.
"Meus amigos acham estranho,
mas eu não ligo."
Apesar de lembrar que cada
caso é um caso, Helio Deliberador, coordenador do curso de
psicologia da PUC-SP, ressalta:
"Há risco de a relação amorosa
ficar calcada em uma segurança fictícia, que não existe. Além
disso, cada etapa da vida significa determinada experiência
consigo mesmo, com o outro,
com seu corpo... Numa diferença acentuada, a convivência pode trazer instabilidade."
Thiago Koschtschak, 23, cuja
namorada tem 18, confirma:
"Eu tenho mais medo do momento, das fases que a gente está vivendo, que são diferentes".
Embora ache que "idade não
quer dizer muito, depende da
cabeça", ele frisa que estipulou
uma "idade limite". "Não namoro meninas com menos de
18. A gente começou quando ela
tinha 17, mas já era quase 18..."
Vergonha
Para Helena*, 17, a experiência de namorar um cara mais
velho não deixou saudade. "Eu
tinha 16 e ele 23. As cabeças
eram muito diferentes", diz.
"Às vezes, ele ia me buscar na
escola de terno, direto do trabalho, e eu tinha vergonha. Parecia um pai indo buscar a filha."
Ela não tem dúvidas de que a
diferença de idade foi a causa
do fim do caso, de três meses.
"Namorar alguém da mesma
idade é bem mais fácil: tem
mais assunto, os dois estão na
mesma página da vida, um ajuda o outro nos estudos", afirma.
"Com ele, eu ficava meio sem
ter o que fazer. Ele gostava de
boates, mas eu não podia ir,
acabávamos sempre indo para
minha casa, já que minha mãe
não me deixava ir à dele".
Ela terminou o namoro em
junho. "Ele começou a ficar
muito melosinho e sempre
queria alguma coisa a mais... Eu
não estava a fim. Hoje, prefiro
alguém da minha idade", diz.
Programas são um problema,
conta Daniela*, 16, cujo namorado, de 24, vai se formar em
medicina neste ano. "A gente
não vai muito pra balada.
Quando vamos, eu entro com
RG falso. Preferimos bares, que
não pedem identidade."
Homens mais velhos exercem fascínio sobre as adolescentes? E as mulheres da idade
deles?
"O problema maior são as garotas da faculdade dele. Elas
são mais velhas, mais maduras...", suspira Daniela.
* Nomes trocados, a pedido das entrevistadas
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