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São Paulo, segunda-feira, 02 de junho de 2003

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EXPOSIÇÕES

Mostras em SP exibem ícones do influente movimento dos anos 60

Arte também é POP

FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os anos 60 continuam a ser a fonte inesgotável da cultura pop. Há sessentismo na música, na moda, no comportamento e nas artes de hoje. A prova disso está não apenas nas ruas mas nos museus.
Duas exposições em São Paulo resgatam um dos principais movimentos daquela década: a arte pop, seus ecos e filhotes.
Os trabalhos de dois grandes ícones da pop norte-americana estarão no Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, Centro) a partir de terça (3/6), das 12h às 20h. São 77 fotos polaróides de Andy Warhol (1928-1987) -o artista mais pop da pop- e 56 pinturas e desenhos de Keith Haring (1950-1990), que herdou a linguagem direta e o espírito contestador da pop e, nos anos 80, deu ao grafite de rua o status de arte.
Muitas das polaróides de Warhol, assim como alguns de seus quadros mais famosos, retratam personalidades populares. Entre as fotos da exposição estão imagens de Pelé, Liza Minelli, Jimmy Carter, Sylvester Stallone e Muhammad Ali.
Já Haring, homossexual declarado e um dos primeiros artistas a assumirem que tinham Aids nos anos 80, chegou a ser preso por desenhar em estações de metrô e em muros de Nova York. Suas obras debatem temas como o racismo, a Aids e o belicismo dos EUA por meio de traços infantis que, de tão populares, foram pulverizados pelo mundo em objetos e camisetas. Mesmo que você nunca tenha visto uma obra de Haring, vai sentir uma estranha familiaridade ao topar com uma delas.

Brasil
Parte da produção que reverberou os ecos da pop no Brasil está no MAM (pq. Ibirapuera, s/ nš, portão 3) até 22/6. "Aproximações do Espírito Pop: 1963-68" traz obras de Antônio Dias, Wesley Duke Lee, Nelson Leirner e Waldemar Cordeiro (1925-1973), que dialogaram com aquele movimento, tanto pelo uso de objetos do cotidiano e pela valorização de ícones pop ("Adoração/ Altar de Roberto Carlos", de Leirner) como pela aproximação com o público ("Coração para Amassar", de Antonio Dias).
A mostra é delimitada por dois fatos: em 1963, Duke Lee realizou o primeiro "happening" no Brasil e, em 68, a Bienal de Artes Plásticas da Bahia foi interditada pelo governo estadual, que apreendeu obras "subversivas".

Pop arte?
A pop arte surgiu em meados dos anos 50, quando o avanço da produção industrial passou a usar artifícios para incitar a sociedade a consumir mais. Foi aí também que nasceu uma cultura jovem autêntica: na música, nas roupas e, mais adiante, na atitude rebelde, nos ideais políticos, na liberdade sexual e nas drogas.
E a arte pop reunia tudo isso, utilizando a estética da TV, dos quadrinhos e da publicidade para criticar a cultura de massa e a sociedade de consumo.



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