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(Não) querer é (não) poder
CAI O NÚMERO DE ELEITORES COM 16 E 17 ANOS NO PLEITO DE 2010; PARA ELES, VOTO É OPTATIVO
EVAM SENA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BRASÍLIA
As eleições de 2010 são a
primeira em que candidatos
podem fazer campanha pela
internet, conversar com seus
eleitores via Twitter e manter
sites na rede.
Os atrativos para eleitor jovem, no entanto, vão encontrar uma freguesia mirrada.
Segundo o TSE (Tribunal
Superior Eleitoral), enquanto
o eleitorado em todo o país
aumentou, o grupo de jovens
com 16 e 17 anos que vão votar em outubro é menor hoje
do que no pleito de 2006.
Muitos adolescentes, como Priscila Bastos, 16, não tiraram o título de eleitor por
insegurança. "Estou despreparada. Não tenho informações sobre os candidatos. Seria votar só por votar", disse.
Esse também é o caso de
Karla Moreira, 16, que tem
medo de escolher o candidato errado. "Não quero ajudar
a eleger um político corrupto
e depois ficar arrependida."
Já Tunai Godoi, 16, não vai
às urnas por não se identificar com nenhum candidato e
porque acha que seu voto
não vai mudar nada. "Nenhum candidato vai mudar
radicalmente alguma coisa."
Para o cientista político
Mathieu Turgeon, da UnB
(Universidade de Brasília), a
baixa no número de jovens
nas eleições seria, em parte,
explicada pelo bom momento da economia nacional.
"Quando as coisas estão indo
bem, as pessoas ignoram a
política", avalia.
Ele ressalta que, na disputa presidencial, nenhum dos
candidatos representa uma
grande mudança, como foi o
caso da candidatura de Barack Obama nos EUA.
"Os eleitores com 16 e 17
anos têm que ir a um cartório
para tirar o título. É preciso
uma grande motivação para
compensar esse custo."
Renato Agnello, 16, foi
desses que empurrou com a
barriga a ida ao cartório e
perdeu o prazo para tirar a
documentação. "Foi passando o tempo e, quando vi, o
prazo estava acabando. Aí eu
deixei pra lá."
Para Turgeon, falta esforço dos partidos para levar os
jovens a participar das eleições. Bastos reclama que os
candidatos têm discurso
pouco atraente para o jovem
e que as escolas abordam
pouco a política nas aulas.
Já Mateus Portela, 16, quer
votar em outubro, pois acredita que pode mudar as coisas. "Com mais jovens votando, os políticos poderiam nos
levar mais em conta em suas
decisões."
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