São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2006

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música

2 filhos de Marley

Um tem Bob no sangue; o outro, na cabeça: o jamaicano Ziggy Marley e o carioca Marcelo D2 fazem shows em São Paulo

ADRIANA KÜCHLER
DO GUIA DA FOLHA

Filho que tem a cara do pai ou que decidiu seguir a mesma carreira do velho já sabe: vai passar a vida inteira ouvindo comparações.
De saco cheio de escutar o mesmo blablablá há 37 anos, convencido de que nunca vai ser melhor do que o pai e ainda tendo que agüentar o sucesso do irmão mais novo, Damian, entre os modernos, Ziggy Marley decidiu relaxar e curtir -no melhor espírito rastafári- as vibrações das quatro coisas que mais curte na vida: "música, futebol, sexo e caridade". Não necessariamente nessa ordem.
O jamaicano, herdeiro mais famoso do homem, do mito, do rei do reggae Bob Marley (1945-1981), faz show nesta quinta-feira no Credicard Hall, em São Paulo, com abertura do DJ de dub Yellow P.

Religião do amor
Ziggy vem mostrar o álbum "Love is My Religion", o segundo de sua carreira solo pós-Melody Makers, grupo que mantinha com o clã Marley.
No CD, além do papo paz e amor e de uma homenagem ao pai, na faixa "Keep On Dreaming", Ziggy também faz música de protesto e critica o clima de guerra que paira por aí.
Em "Be Free", ele canta que "o governo tem muito controle" e "a política do medo e da opressão está em todo lugar agora". Seria um ataque aos Estados Unidos? "Não são só os americanos. George Bush, Bin Laden, cristãos, islâmicos e judeus usam o medo como arma para fazer as pessoas lutarem."

Poder pop
O cantor, que fez recentemente um show em Israel, durante a guerra contra o Líbano, acredita que a música, principalmente a sua, é uma arma contra o poder.
"A música pop tem poder. Ela afeta a sociedade. Não há espaço para a minha música. Ela está fora do sistema. Mas, se a minha música fosse espalhada, mais consciências seriam despertadas", decreta Ziggy.
Na tentativa de despertar algumas consciências lesadas no Brasil, Ziggy não anuncia qual vai ser o repertório do show, que deve ter mais músicas do novo CD e talvez alguns hinos do rei Bob.
"Tudo depende do que eu sinto da platéia. Quero cumprir a minha missão de espalhar o amor como religião, mas, às vezes, as pessoas não entendem a minha mensagem", lamenta.


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