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música
2 filhos de Marley
Um tem Bob no sangue; o outro, na cabeça: o jamaicano
Ziggy Marley e o carioca Marcelo D2 fazem shows em São Paulo
ADRIANA KÜCHLER
DO GUIA DA FOLHA
Filho que tem a cara
do pai ou que decidiu
seguir a mesma carreira do velho já sabe: vai passar a vida
inteira ouvindo comparações.
De saco cheio de escutar o
mesmo blablablá há 37 anos,
convencido de que nunca vai
ser melhor do que o pai e ainda
tendo que agüentar o sucesso
do irmão mais novo, Damian,
entre os modernos, Ziggy Marley decidiu relaxar e curtir -no
melhor espírito rastafári- as
vibrações das quatro coisas que
mais curte na vida: "música, futebol, sexo e caridade". Não necessariamente nessa ordem.
O jamaicano, herdeiro mais
famoso do homem, do mito, do
rei do reggae Bob Marley
(1945-1981), faz show nesta
quinta-feira no Credicard Hall,
em São Paulo, com abertura do
DJ de dub Yellow P.
Religião do amor
Ziggy vem mostrar o álbum
"Love is My Religion", o segundo de sua carreira solo pós-Melody Makers, grupo que mantinha com o clã Marley.
No CD, além do papo paz e
amor e de uma homenagem ao
pai, na faixa "Keep On Dreaming", Ziggy também faz música de protesto e critica o clima
de guerra que paira por aí.
Em "Be Free", ele canta que
"o governo tem muito controle" e "a política do medo e da
opressão está em todo lugar
agora". Seria um ataque aos Estados Unidos? "Não são só os
americanos. George Bush, Bin
Laden, cristãos, islâmicos e judeus usam o medo como arma
para fazer as pessoas lutarem."
Poder pop
O cantor, que fez recentemente um show em Israel, durante a guerra contra o Líbano,
acredita que a música, principalmente a sua, é uma arma
contra o poder.
"A música pop tem poder. Ela
afeta a sociedade. Não há espaço para a minha música. Ela está fora do sistema. Mas, se a minha música fosse espalhada,
mais consciências seriam despertadas", decreta Ziggy.
Na tentativa de despertar algumas consciências lesadas no
Brasil, Ziggy não anuncia qual
vai ser o repertório do show,
que deve ter mais músicas do
novo CD e talvez alguns hinos
do rei Bob.
"Tudo depende do que eu
sinto da platéia. Quero cumprir
a minha missão de espalhar o
amor como religião, mas, às vezes, as pessoas não entendem a
minha mensagem", lamenta.
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