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Balada
Samba na roda
Admiradores de artistas como Zé Keti, Adoniran Barbosa e Paulinho da Viola, jovens lotam as rodas
de samba da Vila Madalena; para conhecer a história do ritmo e as canções, eles pesquisam na internet
GUILHERME BRYAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Nos bares da Vila
Madalena e de Pinheiros, a última
moda não é o emo
nem o indie, muito
menos a música eletrônica. A
onda agora é freqüentar rodas
de samba.
Bares como Salve Simpatia,
Bar Samba, Bar do Cidão e Ó do
Borogodó lotam de adolescentes com suas noites dedicadas
ao ritmo brasileiro.
Marina Mello, 19, começou a
freqüentar as rodas de samba
influenciada por amigos. "Mesmo quem não sabe dançar se diverte bastante", garante.
Nessas baladas tem espaço
tanto para novatos, como Marina, quanto para iniciados, caso
dos irmãos Carolina e André
Bernardo Nalio -netos de Arthur Bernardo, um dos fundadores do famoso grupo vocal
Demônios da Garoa.
Além de freqüentar o Bar do
Cidão, em Pinheiros, Carolina
procura cifras musicais e clássicos do samba na internet. Mas
ainda prefere escutar os LPs raros de Adoniran Barbosa, dos
Demônios da Garoa e da Velha
Guarda da Portela, todos da coleção de sua família.
Já André é fã de Paulinho da
Viola e Zé Kéti. A paixão pelo
samba começou cedo e o fez
aprender a tocar violão de sete
cordas e rodar a cidade em busca de discos, cifras musicais e livros sobre o assunto. Hoje, ele
tem mais de 300 músicas e centenas de cifras arquivadas no
computador.
Para o historiador André Diniz, autor do livro "Almanaque
do Samba", a capacidade de assimilar novas referências e se
modernizar é um dos atrativos
que o ritmo exerce sobre os jovens. "O samba pode ser considerado o gênero mais vivo da
nossa música. Ele está sempre
se adaptando a novas realidades, aceitando as diferenças e
dialogando com outros ritmos,
como o hip hop. Cursos de música popular e revistas especializadas também fizeram com
que os jovens se reaproximassem do samba."
Outro aspecto que agrada a
nova geração são as letras.
"Acho as letras bonitas. Elas recuperam as nossas origens", diz
Caroline Berardi, 14, que vai a
rodas de samba com os pais e
gosta de discos da velha guarda.
André Bernardo cita as letras
de forte crítica social de Zé Kéti. "Elas falam mais da realidade do que muitas músicas que
tocam no rádio atualmente."
A febre pelo samba já invadiu
o Orkut. O site de relacionamentos conta com 44 comunidades destinadas às rodas de
samba. A mais popular, "Eu
amo uma roda de samba", tem
mais de 27 mil membros.
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