São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2006

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Balada

Samba na roda

Admiradores de artistas como Zé Keti, Adoniran Barbosa e Paulinho da Viola, jovens lotam as rodas de samba da Vila Madalena; para conhecer a história do ritmo e as canções, eles pesquisam na internet

GUILHERME BRYAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nos bares da Vila Madalena e de Pinheiros, a última moda não é o emo nem o indie, muito menos a música eletrônica. A onda agora é freqüentar rodas de samba.
Bares como Salve Simpatia, Bar Samba, Bar do Cidão e Ó do Borogodó lotam de adolescentes com suas noites dedicadas ao ritmo brasileiro.
Marina Mello, 19, começou a freqüentar as rodas de samba influenciada por amigos. "Mesmo quem não sabe dançar se diverte bastante", garante.
Nessas baladas tem espaço tanto para novatos, como Marina, quanto para iniciados, caso dos irmãos Carolina e André Bernardo Nalio -netos de Arthur Bernardo, um dos fundadores do famoso grupo vocal Demônios da Garoa.
Além de freqüentar o Bar do Cidão, em Pinheiros, Carolina procura cifras musicais e clássicos do samba na internet. Mas ainda prefere escutar os LPs raros de Adoniran Barbosa, dos Demônios da Garoa e da Velha Guarda da Portela, todos da coleção de sua família.
Já André é fã de Paulinho da Viola e Zé Kéti. A paixão pelo samba começou cedo e o fez aprender a tocar violão de sete cordas e rodar a cidade em busca de discos, cifras musicais e livros sobre o assunto. Hoje, ele tem mais de 300 músicas e centenas de cifras arquivadas no computador.
Para o historiador André Diniz, autor do livro "Almanaque do Samba", a capacidade de assimilar novas referências e se modernizar é um dos atrativos que o ritmo exerce sobre os jovens. "O samba pode ser considerado o gênero mais vivo da nossa música. Ele está sempre se adaptando a novas realidades, aceitando as diferenças e dialogando com outros ritmos, como o hip hop. Cursos de música popular e revistas especializadas também fizeram com que os jovens se reaproximassem do samba."
Outro aspecto que agrada a nova geração são as letras. "Acho as letras bonitas. Elas recuperam as nossas origens", diz Caroline Berardi, 14, que vai a rodas de samba com os pais e gosta de discos da velha guarda.
André Bernardo cita as letras de forte crítica social de Zé Kéti. "Elas falam mais da realidade do que muitas músicas que tocam no rádio atualmente."
A febre pelo samba já invadiu o Orkut. O site de relacionamentos conta com 44 comunidades destinadas às rodas de samba. A mais popular, "Eu amo uma roda de samba", tem mais de 27 mil membros.


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