São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2008

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Final de campeonato de freestyle de motocross no Rio de Janeiro revela um esporte de altos saltos e tremendos tombos

JULIANA CALDERARI
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Apesar dos 32º C que indicavam os termômetros do Rio de Janeiro no domingo passado, o cabo Palhares, salva-vidas da Barra da Tijuca, tinha pouco trabalho pela frente.
Os cidadãos que o cabo costuma tirar de uma ou outra enrascada no mar estavam sãos e salvos, assistindo a outros dez arriscarem a vida em manobras radicais com suas motocicletas. Acontecia ali, no palco montado no Quebra-Mar, a segunda etapa da Copa Brasil de Motocross Freestyle ou FMX.
Apesar de Palhares não ter aproveitado tanto, a galera que lotou as arquibancadas e os arredores da arena gritava a cada salto de 10 metros de altura.
O mais esperado e aplaudido foi o "back flip", realizado por Gilmar Flores, o Joaninha. Atual bicampeão brasileiro, o mato-grossense de 27 anos levou mais uma vez o primeiro lugar, seguido pelo americano Derek Burlew.
Oitavo no ranking mundial, Derek debutou no motocross com quatro anos e hoje, aos 24, é um atleta experiente com 20 anos de profissão!
Se você já passou dos 15 e nem de bicicleta consegue andar direito, não pense que ele é exceção. O piloto brasileiro Octávio da Silva, o Tatá, também de 24 anos, estreou com a mesma idade. Apesar de ganhar a vida nos ares, Tatá confessa que tem medo de altura. "Tenho verdadeiro pavor. Ainda bem que a adrenalina é tanta que não dá tempo de pensar nisso".
A razão da adrenalina na FMX ser tão grande é o risco à que se expõem os pilotos. Jefferson Campacci, o Jeff Mills, 19, explica: "O freestyle é uma modalidade em que não há margem de erro". Por isso, quase todos os atletas colecionam pinos, placas de titânio e cicatrizes pelo corpo.
O mais impressionante dos casos é o de Cyro de Oliveira, 27. Com 23 acidentes já sofridos, ele não pôde participar do campeonato devido a (mais) uma luxação no ombro.
Por isso, para praticar o esporte, é necessária uma lista extensa (e cara) de equipamentos de segurança, como a animadora cinta abdominal. "É para segurar os órgãos", explica Caio Sartorelli, 18, o Gnomo. Infelizmente, o mais jovem participante da etapa carioca machucou o pé durante os treinos e ficou fora da competição.

É caro
Ao todo são gastos por volta de R$ 10 mil em equipamentos, como uma joelheira de R$ 3.000 ou uma bota de R$ 2.000 (sim, homens também podem gastar fortunas com botas). A moto vale outros R$ 25 mil. Portanto, mais do que a distância de trinta metros entre uma rampa e outra, o que mais separa um futuro praticante de FMX de seu objetivo é o alto custo do esporte. Como acontece no Brasil com outras modalidades, o freestyle recebe pouco patrocínio. No início, os aspirantes contam com o "paitrocínio" e, depois de conquistar certa projeção, muitos passam a integrar equipes de shows, como a do veterano Jorge Negretti. O pior inimigo dos motociclistas do freestyle é o vento lateral. "Ele tira você da trajetória", explica Jeff Mills. "É necessário muita técnica", avisa. Por isso, nada de sair por aí tentando imitar os profissionais. Para começar, o candidato a piloto tem que aprender a não largar a moto quando cair. A "nervosa" de 100 quilos, com sua suspensão especial, é a única que pode ajudar seu parceiro a amortecer uma queda desse tamanho. Para quem quer começar, o ideal é procurar uma escolinha de motocross e, como todo esporte, se dedicar. Pedir um reforço para o anjo da guarda também não é má idéia.


A jornalista JULIANA CALDERARI viajou a convite da organização do evento.


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