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Final de campeonato de freestyle de motocross no Rio de Janeiro revela um esporte de altos saltos e tremendos tombos
JULIANA CALDERARI
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
Apesar dos 32º C que
indicavam os termômetros do Rio de Janeiro no domingo
passado, o cabo Palhares, salva-vidas da Barra da
Tijuca, tinha pouco trabalho
pela frente.
Os cidadãos que o cabo costuma tirar de uma ou outra
enrascada no mar estavam sãos
e salvos, assistindo a outros dez
arriscarem a vida em manobras
radicais com suas motocicletas.
Acontecia ali, no palco montado no Quebra-Mar, a segunda
etapa da Copa Brasil de Motocross Freestyle ou FMX.
Apesar de Palhares não ter
aproveitado tanto, a galera que
lotou as arquibancadas e os arredores da arena gritava a cada
salto de 10 metros de altura.
O mais esperado e aplaudido
foi o "back flip", realizado por
Gilmar Flores, o Joaninha.
Atual bicampeão brasileiro, o
mato-grossense de 27 anos levou mais uma vez o primeiro
lugar, seguido pelo americano
Derek Burlew.
Oitavo no ranking mundial,
Derek debutou no motocross
com quatro anos e hoje, aos 24,
é um atleta experiente com 20
anos de profissão!
Se você já passou dos 15 e
nem de bicicleta consegue andar direito, não pense que ele é
exceção. O piloto brasileiro Octávio da Silva, o Tatá, também
de 24 anos, estreou com a mesma idade. Apesar de ganhar a
vida nos ares, Tatá confessa que
tem medo de altura. "Tenho
verdadeiro pavor. Ainda bem
que a adrenalina é tanta que
não dá tempo de pensar nisso".
A razão da adrenalina na
FMX ser tão grande é o risco à
que se expõem os pilotos. Jefferson Campacci, o Jeff Mills,
19, explica: "O freestyle é uma
modalidade em que não há
margem de erro". Por isso, quase todos os atletas colecionam
pinos, placas de titânio e cicatrizes pelo corpo.
O mais impressionante dos
casos é o de Cyro de Oliveira,
27. Com 23 acidentes já sofridos, ele não pôde participar do
campeonato devido a (mais) uma luxação no ombro.
Por isso, para praticar o esporte, é necessária uma lista
extensa (e cara) de equipamentos de segurança, como a animadora cinta abdominal. "É
para segurar os órgãos", explica
Caio Sartorelli, 18, o Gnomo.
Infelizmente, o mais jovem
participante da etapa carioca
machucou o pé durante os treinos e ficou fora da competição.
É caro
Ao todo são gastos por volta
de R$ 10 mil em equipamentos,
como uma joelheira de R$
3.000 ou uma bota de R$ 2.000
(sim, homens também podem
gastar fortunas com botas).
A moto vale outros R$ 25 mil.
Portanto, mais do que a distância de trinta metros entre uma
rampa e outra, o que mais separa um futuro praticante de
FMX de seu objetivo é o alto
custo do esporte.
Como acontece no Brasil
com outras modalidades, o
freestyle recebe pouco patrocínio. No início, os aspirantes
contam com o "paitrocínio" e,
depois de conquistar certa projeção, muitos passam a integrar
equipes de shows, como a do
veterano Jorge Negretti.
O pior inimigo dos motociclistas do freestyle é o vento lateral. "Ele tira você da trajetória", explica Jeff Mills. "É necessário muita técnica", avisa. Por
isso, nada de sair por aí tentando imitar os profissionais.
Para começar, o candidato a
piloto tem que aprender a não
largar a moto quando cair. A
"nervosa" de 100 quilos, com
sua suspensão especial, é a única que pode ajudar seu parceiro
a amortecer uma queda desse
tamanho. Para quem quer começar, o ideal é procurar uma
escolinha de motocross e, como
todo esporte, se dedicar. Pedir
um reforço para o anjo da guarda também não é má idéia.
A jornalista JULIANA CALDERARI viajou a convite da organização do evento.
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