LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL

Programas de manipulação de imagens são bem conhecidos por melhorar os contornos e tirar imperfeições dos corpos das modelos nuas da revista "Playboy". Mas, se, no passado, eles eram praticamente exclusivos dos computadores de designers gráficos e arquitetos, por exemplo, hoje eles servem para a mais pura diversão de muita gente.
As utilizações das ferramentas desses programas (os mais famosos são o Corel Draw e o Photoshop) são as mais variadas. Vão de limpeza de rostos cheios de espinhas ou sessões de emagrecimento imediato, passando por encontros com personalidades e chegando até a singelas capas de fanfics e fundos de blogs de amigos.
O estudante Bruno Alves, 17, resolveu fazer um curso gratuito de um mês de Photoshop para engrossar seu currículo. Não deu para aprender todos os recursos disponíveis no programa, mas ele conseguiu ficar bem melhor. Pelo menos na foto: apagou as espinhas todas que tinha no rosto e deixou a pele lisa feito um pêssego.
"Mexi nas duas fotos. Na primeira, eu dei umas pioradas e enchi minha cara de espinhas para assustar os outros. Faço mais para zoar, porque aprendi a usar bem o programa. Eu nem tenho tanta espinha assim", conta Bruno, que usou a versão demo (e gratuita) do Photoshop. "A ferramenta mais útil é o pincel, que você usa para limpar a foto. Na versão demo só tem isso para usar, mas já está bom para brincar."
Bruno sabe que os recursos do programa são quase ilimitados. "Dá para colocar bigode, cortar o cabelo, mas são coisas mais demoradas. Eu só consigo fazer isso quando não tenho de estudar. Dá para se divertir um pouco. Mas não quero fazer isso profissionalmente. É mais por diversão mesmo."
Ele dá a dica para quem desconfiar se uma foto é realmente do jeito que foi tirada. "Usando o zoom, mas há quem faça o trabalho tão bem que nem assim é possível, como as mulheres da "Playboy". Alguém perdeu muito tempo para fazê-las."
Assim como Bruno, Max Schenkman, 16, usa o álbum de fotos do Orkut para exibir sua galeria de arte. Ele está virando mestre em aparecer em fotografias nas situações mais improváveis. Até Lula ele encontrou.
"Uso esses programas há um ano. Usei o Photoshop por seis meses depois passei para o Corel Draw. Foi um amigo meu quem me mostrou. Eu me interesso por coisas multimídia", conta Max, que fez a vaca que estampa a capa do disco "Atom Heart Mother" (1970), clássico da banda inglesa Pink Floyd, perder a cabeça. Mesmo.
"Coloquei a minha cara no disco para ser engraçado. Gosto bastante de Pink Floyd, então coloquei minha cara na vaca. Fiz uma aberração", conta Max, que, não satisfeito, resolveu ser imortalizado em uma nota de dois reais. Ele revela o truque.
"Fazer a nota foi mais difícil, porque você tem de saber mexer com as cores, com texturas e com iluminação. Tem de igualar a foto com a cor e a textura da nota. Para isso, usei o ajuste de cores, a "posterização" e o "blur", um efeito que deixa alguns detalhes mais embaçados", explica.
O estudante conta que aprendeu a manha sozinho. "Tem de ir explorando, lendo todos os tutoriais. Minha irmã faz faculdade de arquitetura, o que me ajudou a ter acesso ao programa."
Com o trabalho artístico bem feito aparecendo no Orkut, a fama veio logo. "As pessoas comentam e gostam, e muita gente me pede para ajudar. Por exemplo, se há uma imagem muito escura, eu dou uma limpada. Dá para limpar a pele, e eu até me emagreci em uma foto. Só não fica perfeito."
Mais singelo é o trabalho da estudante portuguesa Cláudia Moutinho, 15. Ela mora em Lisboa, mas os seus serviços no Photoshop já foram requisitados no Brasil.
Ela fez a capa de uma fanfic de Harry Potter para uma amiga brasileira que conheceu na internet. "Costumo ler e comentar fanfics. Um dia, vi que ela estava pedindo para alguém fazer uma capa. Deixei um comentário me voluntariando. Depois, no MSN, falei com ela, perguntei o que ela queria na capa, as modificações, o fundo, tudo. Aí saiu assim [a foto de Kirsten Dunst nesta página é o resultado do trabalho], e fiquei feliz por ela ter gostado."
Cláudia usa o Photoshop para modificar algo de que não goste muito numa imagem, colorir desenhos, criar banners, fazer montagens. "Enfim, muita coisa", conta.


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