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CINEMA
Idéias à prova
de balas
Baseado em graphic novel, ficção se passa depois que os EUA são destruídos e Londres vive sob um governo tirânico
JOÃO PAPA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"V de Vingança", que estréia na
sexta-feira, é um filme esquisito. A história se passa num futuro próximo, quando os EUA estão destruídos pela guerra e um governo tirânico,
ditatorial e fascista governa Londres. V é
um homem classificado como terrorista
pelos governantes, que luta pela democracia e pela justiça.
Seus métodos são explodir prédios e matar os responsáveis pelas atrocidades cometidas pelo governo.
O esquisito do começo é porque esse filme -com roteiro assinado pelos irmãos
Wachowski, os mesmos de "Matrix"-
tem um certo tom de anarquista (a começar pelo logo do personagem principal, que
é o símbolo do movimento, mas de ponta
cabeça), mas tudo o que o filme faz é contradizer sua própria mensagem.
Baseado na graphic novel de mesmo nome, publicada em 1981, o filme só consegue
ter sucesso quando reproduz as falas originais, letra por letra, como quando V, (interpretado com muita eficácia por Hugo Weaving, o Agente Smith de "Matrix") diz, com
convicção, que ele não morre porque atrás
da carne há uma idéia, e "idéias são à prova
de balas".
Não que o filme seja ruim. Longe disso. A
direção do estreante James McTeigue funciona bem, excluindo daí as cenas em que
abusa da computação gráfica. A fotografia
é linda, e os dois personagens principais
(Evey interpretada pela sempre linda Natalie Portman) dão um show de atuação.
Weaving prova novamente que é bom ator
ao criar um personagem que usa máscara
durante toda a projeção com tanta personalidade.
Porém, V está certo: "Idéias são à prova
de balas". E nem uma superprodução milionária, totalmente inserida no sistema,
consegue desbancar o poder das palavras.
"V de Vingança" vale pelos momentos inspirados e pelo visual, mas fica distante de seus próprios ideais.
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