Sexta-feira à noite. Você pega as baquetas e se posiciona em frente à bateria. Ao seu lado, um amigo segura a guitarra e outro, o baixo. A vocalista procura um lugar para ficar entre os instrumentos. E todos olham fixamente para a televisão. O que poderia soar como uma cena de show de rock na verdade é um hábito que se torna cada vez mais comum entre adolescentes do mundo todo: jogar videogames como Rock Band.
Para quem nunca teve a experiência, esses são jogos que não lembram em nada o estereótipo tradicional atribuído aos games. Eles estabelecem uma nova relação com a música e simulam de maneira bastante realista (inclusive com "instrumentos" que parecem de verdade) a experiência de tocar ao vivo em uma banda.
O mais importante é que a formação de repertório musical, para muita gente, tem acontecido mais jogando esses games do que por meio de outras formas mais tradicionais, como a TV, o rádio e mesmo a internet.
Há pouco tempo, peguei dois amigos, um de 30 e outro de 19 anos, conversando sobre o Siouxsie & the Banshees. O mais velho perguntava ao mais novo se ele conhecia a banda inglesa. "É claro", ele disse. "É a música de uma das cidades do tour em Rock Band 2." O mais velho, então, começou a criticar e a lembrar como tinha ouvido a música pela primeira vez em um bar enfumaçado da Vila Madalena, semibêbado, nos anos 90. Na hora, percebi um conflito de gerações.
Não só cada vez mais gente começa a conhecer música por causa dos games (e aí entram não só os jogos de música mas também GTA, Fifa Soccer e vários outros), como Rock Band acaba de anunciar uma jogada de mestre.
A partir deste mês, o jogo vai abrir a Rock Band Network, uma rede que vai permitir a qualquer pessoa colocar músicas no game. Uma das maiores reclamações é de que o número de músicas disponíveis hoje é pequeno. Pois bem, isso não só vai mudar como qualquer banda vai poder ter suas músicas no game, inclusive para venda. Se der certo, surge uma das plataformas mais inovadoras para distribuir, ouvir e tocar música digitalmente. O que leva a concluir que, para os mais novos, o futuro da música vai passar cada vez mais pelos jogos.

MONITOR

JÁ ERA
Videogame como coisa de nerd

JÁ É
iPhone como plataforma para jogos (ex:Rolando e HeavyMach)

JÁ VEM
Facebook como plataforma para jogos (ex: PetSociety e MafiaWars)


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