São Paulo, segunda-feira, 03 de agosto de 2009

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Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br

Não se estresse na escolha da carreira

Não sei se algum adolescente lê esta coluna, mas deveria, pelo menos hoje. É que os assuntos são carreira e vocação.
Antes de tudo, digo: não se apavore. Principalmente se a sua praia for ciência.
Sempre volto ao livro "The Discoveries", de Alan Lightman (o mesmo de "Os Sonhos de Einstein"). É uma coleção dos principais artigos científicos do século 20, antecedidos por uma breve biografia de cada pesquisador, escrita no estilo elegante de Lightman. Tem de tudo.
Tem o químico nerd que desde a infância só pensava em ciência (Linus Pauling). Tem o cara que estudou física e matemática, aí decidiu virar para biologia e, até os 35 anos, ainda não tinha feito nem doutorado (Francis Crick, um dos descobridores da dupla hélice do DNA).
Tem o fortão que era o rei dos esportes e das mulheres e acabou virando um grande astrônomo (Edwin Hubble, que deu nome ao telescópio).
E tem, principalmente, Hans Krebs, o cara que o pai considerava um burraldo, que nunca entusiasmou seu próprio mentor científico e que acabou fazendo uma das descobertas mais importantes de todos os tempos: a maneira como os alimentos viram energia no corpo (já ouviu falar no ciclo de Krebs?).
O pai de jovem Hans era um otorrino famoso. Dizia que o filho seria incapaz de seguir seus passos. Hans fez medicina, passando pela faculdade sem destaque. Descobriu que gostava de pesquisa e se associou a um grande cientista, Otto Warburg. Krebs tinha veneração por Warburg. O sentimento não era recíproco.
Quando Krebs esgotou todos os pós-doutorados, Warburg não moveu uma palha para arrumar-lhe emprego. Krebs mudou-se da Alemanha para a Inglaterra. A Universidade de Sheffield lhe ofereceu trabalho.
Lá, silenciosamente, sem brilho, mas com método e insistência, fez sua grande descoberta. Se até esse cara deu certo, relaxe. Você também vai dar.

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