São Paulo, segunda-feira, 03 de outubro de 2005

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CIÊNCIA

Exposição sobre Albert Einstein, no Centro de Cultura Judaica, tem workshop para adolescentes, onde eles "testam" aplicações de física quântica do cientista

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DA REPORTAGEM LOCAL

"Até parece que a gente é mais inteligente do que o Einstein. Identifiquei-me com ele, o boletim dele era bem ruim!", brinca Havi Menache, 17, referindo-se às notas escolares do gênio da física. Havi foi com a escola visitar a exposição "Albert Einstein - O Personagem do Século", no Centro de Cultura Judaica.
A mostra comemora o centenário de alguns grandes feitos de Einstein (1879-1955). Depois de percorrer uma galeria longa com 30 painéis com réplicas de documentos pessoais, manuscritos e fotos, vindos da Universidade Hebraica de Jerusalém, chega-se a um laboratório improvisado, com três lâmpadas sobre uma mesa.
Mas a idéia do laboratório, feita por dois professores de física da USP, é bem mais sofisticada que só lâmpadas acesas.
Enquanto fala, Havi picota um CD com uma tesoura -o plástico do CD, sem o laminado, serve de prisma- para fazer um espectroscópio, aparelho usado para observar a luz e ver como ela se decompõe em gamas de cores, como um arco-íris.
"A gente tenta dar uma idéia da teoria quântica. A luz é composta de partículas de energia que Einstein chamou de quanta, ou seja, fótons. Ele disse que todo material que emite luz tem fótons específicos. Ou seja, dá para determinar, a partir da luz, do que as coisas são feitas", explica Marcos Lelo Damasceno, 23, monitor na exposição e aluno de física na USP.
O segundo experimento prova isso. Pegando uma estrela imaginária de "cobaia", dá para notar que, mesmo de longe, é possível determinar do que é feito um corpo celeste.
Com fichas de papel, os espectros, que lembram códigos de barra coloridos e são a forma escrita da decomposição da luz do experimento anterior, é possível saber, por comparação, se uma estrela tem em sua composição, por exemplo, hélio, alumínio ou hidroxigênio. Ou os três juntos.
"O espectro é como se fosse o "DNA" da estrela", diz Marcos.
Havi diz não saber ao certo se decompor a luz tem uma aplicação direta no dia-a-dia. Mas arrisca: "A decomposição ajuda na criação de fogos de artifício. Dá para identificar quais cores os elementos químicos emitem. Por exemplo, se você quer a cor roxa nos fogos, vai ter que colocar neônio na fórmula", diz, inspirada na lâmpada de neônio que observa.
"Eu não gosto de física, mas é bem melhor aprender assim, com a mão na massa, do que na lousa ou nos livros. Olha, estou vendo o coloridinho, com roxo, verde, amarelo e laranja", descreve Jessica Aparecida Concentino, 15, com o espectroscópio colado no olho.(LUCRECIA ZAPPI)


ALBERT EINSTEIN - O PERSONAGEM DO SÉCULO.
Quando: De seg. a sex., das 10h às 21h; sáb., dom. e feriados, das 14h às 19h. Até 23 de outubro. Onde: galeria do Centro de Cultura Judaica (r. Oscar Freire, 2.500, São Paulo, tel. 0/xx/11-3065-4333). Grátis.


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