São Paulo, segunda-feira, 03 de outubro de 2011

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Escola indígena tem dificuldade extra no Enem

ENVIADOS ESPECIAIS A BERTIOGA (SP)

Na Escola Estadual Txeru Ba e Kua-i, nenhum dos alunos tem como primeira língua o português.
Não é de se espantar, portanto, que os 14 jovens que se dispuseram a prestar o Enem tenham, juntos, obtido a pior média do exame no Estado de São Paulo: 432 pontos.
Foi a primeira vez que o colégio indígena participou da prova. E, para alunos desse colégio, das etnias tupi e guarani, essa nota é bem relativa.
Txeru Ba e Kua-i, em guarani, significa "deus celestial da sabedoria". É a única escola paulista que fica dentro de uma reserva indígena, em Bertioga, no litoral.
O sentimento em relação ao resultado obtido no exame do "homem branco" é ambíguo.
"Vocês têm que falar do problema de vocês, daquele monte de escola ruim nas favelas", irrita-se o cacique da aldeia.
Uma das liderança na reserva, Dionísio, 36, acha bom que seus filhos de 12 e 14 anos não estudem "fora", ou seja, mais perto de violência e drogas.
Mas ele reclama da barreiras que a língua impõe, dentro e fora do Enem. Sem dominar o português, o primogênito tem como carreira dos sonhos tocar teclado profissionalmente.
"Música de branco, forró, essas coisas."
Já o guarani Natan, 14, preferiu a escola vizinha "porque tem professor branco".
A Funai estuda implantar um curso técnico por lá, voltado à realidade deles -como o de ecoturismo.
Será que deveria existir Enem em tupi e em guarani? (ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, DARIO DE NEGREIROS, HELTON SIMÕES E MARCELO SOUZA)


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