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SEXO E SAÚDE
"Tenho 19 anos e estou
pensando em prestar vestibular para medicina.
Gosto da área porque ela
ajuda as pessoas, mas tenho dúvidas. Um cara que
fica excitado quando vê
mulheres nuas pode fazer
essa faculdade? Será que
vou aprender a me controlar? Também não gosto muito de ver sangue,
pus ou fraturas. Acho que
ainda tenho medo. Será
que vou aprender a suportar a emoção?"
Ansiedade pré-vestibular confunde escolhas
JAIRO BOUER
COLUNISTA DA FOLHA
Calma lá! Será que, como muita gente que está prestando vestibular, você não está exagerando na ansiedade em relação ao que está
vindo pela frente? Só para usar um ditado popular, será que você não está colocando a carroça na frente dos bois?
Se todo mundo que fica excitado quando vê
alguém nu não prestasse vestibular para medicina, provavelmente haveria uma escassez de
médicos no mercado de trabalho. É absolutamente normal um garoto de 19 anos ficar excitado quando vê uma mulher sem roupas. E é
também natural que você aprenda a controlar
esse comportamento quando está em uma situação pública ou de trabalho.
Com o tempo, acabamos desenvolvendo
mecanismos que nos permitem controlar melhor as emoções e a excitação que surgem de
um estímulo visual. É assim com quem trabalha em hospitais, clínicas, clubes, piscinas, vestiários etc. Em geral, as pessoas conseguem separar bem o que é trabalho do que é diversão e
prazer pessoal.
Em uma situação de trabalho como médico,
você vai estar focado em prioridades como a
ajuda ao paciente, a avaliação do quadro e a
elaboração de um diagnóstico e de um tratamento. O estímulo erótico não tem aí muito espaço para se manifestar. Ele fica reservado para outras situações de sua vida particular.
O medo de ferimentos, sangue e fraturas é
um relato frequente entre muitos estudantes
que entram nos cursos da área de saúde. Nada
como o tempo e a experiência para você se
acostumar com isso. A exposição a situações
que geram medo ou ansiedade torna essas sensações menos intensas. Depois de algum tempo, em geral, você nem se lembra do receio ou
do mal-estar que sentia.
Para acabar, é bom lembrar que, em outras
áreas da saúde, a possibilidade de ajudar as
pessoas é grande e o contato com a doença, o
ferimento e o sangue não é tão próximo. Nutrição, psicologia, terapia ocupacional e fonoaudiologia são alguns exemplos.
Pense bem no assunto e não encare essas dificuldades como limites impossíveis de serem
transpostos. Que tal
pensar nelas como
obstáculos e desafios
a serem superados?
Boa sorte!
Jairo Bouer, 37, é médico. Se você tem dúvidas sobre saúde, escreva para o Folhateen ou para jbouer@uol.com.br
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