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São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2003

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SEXO E SAÚDE

"Tenho 19 anos e estou pensando em prestar vestibular para medicina. Gosto da área porque ela ajuda as pessoas, mas tenho dúvidas. Um cara que fica excitado quando vê mulheres nuas pode fazer essa faculdade? Será que vou aprender a me controlar? Também não gosto muito de ver sangue, pus ou fraturas. Acho que ainda tenho medo. Será que vou aprender a suportar a emoção?"

Ansiedade pré-vestibular confunde escolhas

JAIRO BOUER
COLUNISTA DA FOLHA

Calma lá! Será que, como muita gente que está prestando vestibular, você não está exagerando na ansiedade em relação ao que está vindo pela frente? Só para usar um ditado popular, será que você não está colocando a carroça na frente dos bois?
Se todo mundo que fica excitado quando vê alguém nu não prestasse vestibular para medicina, provavelmente haveria uma escassez de médicos no mercado de trabalho. É absolutamente normal um garoto de 19 anos ficar excitado quando vê uma mulher sem roupas. E é também natural que você aprenda a controlar esse comportamento quando está em uma situação pública ou de trabalho.
Com o tempo, acabamos desenvolvendo mecanismos que nos permitem controlar melhor as emoções e a excitação que surgem de um estímulo visual. É assim com quem trabalha em hospitais, clínicas, clubes, piscinas, vestiários etc. Em geral, as pessoas conseguem separar bem o que é trabalho do que é diversão e prazer pessoal.
Em uma situação de trabalho como médico, você vai estar focado em prioridades como a ajuda ao paciente, a avaliação do quadro e a elaboração de um diagnóstico e de um tratamento. O estímulo erótico não tem aí muito espaço para se manifestar. Ele fica reservado para outras situações de sua vida particular.
O medo de ferimentos, sangue e fraturas é um relato frequente entre muitos estudantes que entram nos cursos da área de saúde. Nada como o tempo e a experiência para você se acostumar com isso. A exposição a situações que geram medo ou ansiedade torna essas sensações menos intensas. Depois de algum tempo, em geral, você nem se lembra do receio ou do mal-estar que sentia.
Para acabar, é bom lembrar que, em outras áreas da saúde, a possibilidade de ajudar as pessoas é grande e o contato com a doença, o ferimento e o sangue não é tão próximo. Nutrição, psicologia, terapia ocupacional e fonoaudiologia são alguns exemplos.
Pense bem no assunto e não encare essas dificuldades como limites impossíveis de serem transpostos. Que tal pensar nelas como obstáculos e desafios a serem superados? Boa sorte!


Jairo Bouer, 37, é médico. Se você tem dúvidas sobre saúde, escreva para o Folhateen ou para jbouer@uol.com.br


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