LUÍS AUGUSTO FISCHER
COLUNISTA DA FOLHA

Dá gosto ver a quantidade de grandes compositores de canções em nossa língua. Prova de vitalidade, sem dúvida: significa que a cultura está encontrando jeitos de nos expressar. E nós sabemos que não é de hoje que isso acontece.
Um dos cancionistas mais interessantes de todos os tempos, daqueles que entram em qualquer seleção nacional, é Noel Rosa, um carioca que viveu entre 1910 e 1937 e que, nesse breve tempo, compôs quase 300 canções. Noel nasceu com problemas, o que motivou um afundamento em seu maxilar e foi a causa de inúmeros tormentos físicos, que acabaram levando-o à morte. Claro que ele facilitou a ruína pessoal. Bebia bastante, teve vida irregular, seus amores foram tumultuados. Mas tudo isso vinha acompanhado da capacidade de fazer graça consigo e com os outros.
Sua história está retratada numa ótima biografia, focada no período de sua juventude, "O Jovem Noel Rosa". O autor, Guca Domenico, conta saborosas histórias de seu cotidiano, de seu aprendizado e de suas descobertas, oferecendo ao mesmo tempo preciosas informações sobre a época no Rio e no país em geral. De brinde, algumas canções com letra e cifra para acompanhar. Um bom começo para penetrar nos mistérios da música popular brasileira.