São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Teatro

Unidos pelo teatro

Jovens de escolas públicas e particulares apresentam peças inéditas de renomados autores brasileiros e britânicos

LUANA VILLAC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Escrever uma peça inédita com muitos personagens adolescentes. Esta foi a única condição imposta aos dramaturgos Luís Alberto de Abreu, Noemi Marinho e Mário Viana ao serem convidados para participar da mostra Conexões de Teatro Jovem 2008.
O projeto é a versão nacional do consagrado "Connections", do National Theatre de Londres, que há 15 anos convida autores renomados para escrever peças jovens, a serem encenadas por jovens.
No Brasil, os espetáculos escritos para a mostra -que está em seu segundo ano- serão apresentados por 18 grupos de teatro amador oriundos de escolas públicas e privadas e de coletivos independentes.
Além dos autores brasileiros comissionados, três dramaturgos britânicos -Moira Buffini, Nigel Williams e Abi Morgan- criaram peças especialmente para a ocasião (veja sinopses no quadro ao lado).
"Existe uma escassez de bom teatro no Brasil para a faixa etária entre 12 e 19 anos", opina Tuna Serzedello, um dos realizadores da versão brasileira do "Connections". "Contribuímos para preencher essa lacuna ao chamar autores importantes para fazer um retrato da nova geração."
Para Serzedello, outro trunfo da iniciativa é promover a interação entre o universo escolar e o teatro profissional e entre alunos de diferentes realidades socioeconômicas.
Todos os grupos do projeto -selecionados por sorteio ou convidados- participam juntos de um workshop de imersão com professores, diretores e autores nacionais e internacionais, além de receberem consultoria nos ensaios. Neste ano, uma das oficinas foi ministrada pelo inglês Max Key, diretor do National Theatre.

Diversidade
Para Ricardo Mendes Cabral, 20, que vai estrelar a peça "My Face" com a Companhia Vizinho Legal, formada por jovens de seis favelas da zona oeste de São Paulo, o contato com jovens que transitam em universos bem diferentes do seu é a maior riqueza da experiência.
"Eu cresci achando que os alunos de escolas particulares eram muito diferentes de mim, mas durante o projeto tive a chance de conviver com jovens de outros universos e me identifiquei muito com eles", conta. "Se não fosse pelo "Conexões", não teria a oportunidade de conhecer essas pessoas e de trocar [idéias] com elas."
Marina Werneck, 15, integrante do grupo de teatro do Colégio São Luís, faz coro às palavras de Ricardo. "Esperávamos uma diferença brutal em relação aos alunos das escolas públicas, mas no final vimos que todo mundo é parecido."
Ricardo Tadeu Silva, 16, da Cia. Salotti, grupo do colégio estadual Professor Alberto Salotti, destaca o aprendizado com profissionais durante o processo como a maior recompensa. "Poder estar nesse meio e ver como eles trabalham foi fascinante para mim", diz. "Fiquei apaixonado pelo palco."


Texto Anterior: Sexo & Saúde - Jairo Bouer: Tenho medo de que ela termine
Próximo Texto: Peça por peça
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.