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Teatro
Unidos pelo teatro
Jovens de escolas públicas e particulares
apresentam peças inéditas de renomados autores brasileiros e britânicos
LUANA VILLAC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Escrever uma peça
inédita com muitos
personagens adolescentes. Esta foi a
única condição imposta aos dramaturgos Luís Alberto de Abreu, Noemi Marinho e Mário Viana ao serem
convidados para participar da
mostra Conexões de Teatro Jovem 2008.
O projeto é a versão nacional
do consagrado "Connections",
do National Theatre de Londres, que há 15 anos convida autores renomados para escrever
peças jovens, a serem encenadas por jovens.
No Brasil, os espetáculos escritos para a mostra -que está
em seu segundo ano- serão
apresentados por 18 grupos de
teatro amador oriundos de escolas públicas e privadas e de
coletivos independentes.
Além dos autores brasileiros
comissionados, três dramaturgos britânicos -Moira Buffini,
Nigel Williams e Abi Morgan-
criaram peças especialmente
para a ocasião (veja sinopses no
quadro ao lado).
"Existe uma escassez de bom
teatro no Brasil para a faixa etária entre 12 e 19 anos", opina
Tuna Serzedello, um dos realizadores da versão brasileira do
"Connections". "Contribuímos
para preencher essa lacuna ao
chamar autores importantes
para fazer um retrato da nova
geração."
Para Serzedello, outro trunfo
da iniciativa é promover a interação entre o universo escolar e
o teatro profissional e entre
alunos de diferentes realidades
socioeconômicas.
Todos os grupos do projeto
-selecionados por sorteio ou
convidados- participam juntos de um workshop de imersão
com professores, diretores e
autores nacionais e internacionais, além de receberem consultoria nos ensaios. Neste ano,
uma das oficinas foi ministrada
pelo inglês Max Key, diretor do
National Theatre.
Diversidade
Para Ricardo Mendes Cabral,
20, que vai estrelar a peça "My
Face" com a Companhia Vizinho Legal, formada por jovens
de seis favelas da zona oeste de
São Paulo, o contato com jovens que transitam em universos bem diferentes do seu é a
maior riqueza da experiência.
"Eu cresci achando que os
alunos de escolas particulares
eram muito diferentes de mim,
mas durante o projeto tive a
chance de conviver com jovens
de outros universos e me identifiquei muito com eles", conta.
"Se não fosse pelo "Conexões",
não teria a oportunidade de conhecer essas pessoas e de trocar [idéias] com elas."
Marina Werneck, 15, integrante do grupo de teatro do
Colégio São Luís, faz coro às palavras de Ricardo. "Esperávamos uma diferença brutal em
relação aos alunos das escolas
públicas, mas no final vimos
que todo mundo é parecido."
Ricardo Tadeu Silva, 16, da
Cia. Salotti, grupo do colégio
estadual Professor Alberto Salotti, destaca o aprendizado
com profissionais durante o
processo como a maior recompensa. "Poder estar nesse meio
e ver como eles trabalham foi
fascinante para mim", diz. "Fiquei apaixonado pelo palco."
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