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cinema
Feitiço do tempo
"Cashback" conta a história de um estudante que congela o tempo para driblar o tédio
DA REPORTAGEM LOCAL
Quem nunca amargou noites sem dormir depois de um
rompimento amoroso? No filme britânico "Cashback", que estréia
sexta (classificação indicativa
não informada), o protagonista
Ben Willis (Sean Biggerstaff)
decide trocar suas oito horas de
insônia diárias por alguns trocados trabalhando à noite em
um supermercado.
Estudante de artes plásticas,
ele tenta esquecer a ex-namorada ocupando seu tempo com
o novo trabalho. Mas, assim como na cama em que ele não
consegue dormir, na madrugada do supermercado o tempo
teima em se arrastar.
Enquanto os outros atendentes inventam todo tipo de brincadeiras bizarras para tornar
aquelas arrastadas horas mais
breves, Ben faz exatamente o
contrário. Como não é possível
fazer o relógio andar mais rápido, ele simplesmente o congela.
O garoto tem duas fixações: o
tempo e as formas femininas.
Por isso, quando consegue bloquear o relógio, ele aproveita
para observar e pintar os corpos das mulheres ao seu redor.
"Acho que o filme é uma comédia romântica com alguns
toques fantásticos. É uma combinação de idéias que eu tive sobre trabalhos chatos, a perda e
o encontro de novos amores e a
fantasia de congelar o tempo",
diz o diretor Sean Ellis, 38, que
vive entre Londres e Paris.
Ele se inspirou em sua própria experiência como salva-vidas de piscina para criar o universo entediante do supermercado. "Assistir às pessoas flutuando na água é muito chato!
Eu fazia o tempo passar tentando pensar em algo que realmente me interessasse, sem
olhar para o relógio", comenta.
Curta
O filme, estréia de Ellis na direção de um longa-metragem,
foi criado a partir de um curta
de mesmo nome, também escrito e dirigido por ele, indicado
ao Oscar e vencedor de prêmios
em outros seis festivais internacionais.
O curta explora apenas as
aventuras do estudante com os
ponteiros no popular supermercado britânico Sainsbury.
Já o longa inclui elementos
românticos: é o rompimento do
namoro que provoca uma insônia violenta em Ben e o leva a
trabalhar no supermercado, na
esperança de fazer aquele tempo extra render.
"Fiquei feliz com a resposta
que o curta teve em festivais e
decidi que seria bom expandir a
idéia para um longa, para que
mais pessoas pudessem ver",
diz Sean Ellis, que, antes de se
tornar diretor de cinema, trabalhou também como fotógrafo de moda.
(LETICIA DE CASTRO)
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