São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2008

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Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br

Bandas novas, internet e picanha

QUER DIZER QUE a internet destruiu a indústria da música, que os artistas são agora livres, leves e soltos para falar direto com o público, que a web ferrou as grandes gravadoras e que tudo isso é maravilhoso? Em parte é mesmo. Só não é tão simples.
Sugiro a leitura de uma reportagem de Jon Pareles no "New York Times" sobre o CMJ, aquela maratona anual de shows de novos artistas que rolou na semana passada em Nova York. Cinco dias, 1.100 (isso, mil e cem!) bandas.
Pareles tem maturidade e pés no chão suficientes para enxergar que essa realidade radiosa da web é também um poço de problemas.
O maior: como ganhar dinheiro com a música hoje em dia?
Legal, uma banda nova surge, bomba nos blogs e sites influentes, libera músicas na net e rapidamente cria uma base de fãs no mundo todo. Lindo, né? Só tem um problema: os músicos vão viver de quê? Vento?
A resposta mais óbvia é que o jeito de faturar é fazer shows. Mas quantos? E onde? Na reportagem do "NYT", Pareles relata casos de bandas desesperadas no CMJ, fazendo 12 apresentações em cinco dias, na esperança de serem descobertas por um site e/ou blog influente.
Transformar a música em atividade menos rentável pode, no pior cenário, ter a seguinte conseqüência. Os artistas vão ficar no mercado cada vez menos tempo, já que vão precisar arrumar outro jeito de ganhar a vida. Ninguém vai conseguir amadurecer e melhorar seu som. Música vai virar coisa de diletantes ou, então, de gente que bem no começo da carreira já é totalmente engolida por grandes corporações -sei lá, uma cantora jovenzinha patrocinada pelo X-Picanha, já imaginou que deprimente?
Leia aqui a reportagem de Pareles: http://is.gd/5hjy. O título diz tudo: "Fama, sim; fortuna, nem tanto".


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