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internet
Simplesmente um luxo
Novo site de amizade só aceita ricos; saiba como é a "high society" da net
ROBERTA SALOMONE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Enquanto as maiores
redes de relacionamento da internet
planejam estratégias mirabolantes e
disponibilizam novos recursos
para ganhar mais e mais adeptos, o site aSmallWorld (um pequeno mundo) entra na contramão de tudo isso. Todos os dias
recusa, sem dó, novos membros e expulsa outros, que não
seguem à risca o manual de
boas maneiras do site.
Criado em 2004, o aSmallWorld (ou ASW) só quer saber
de quem é rico, famoso e/ou influente. Fazem parte desse clubinho virtual o cineasta Quentin Tarantino, o jogador de golfe Tiger Woods, a modelo Naomi Campbell e o cantor James
Blunt. Gente com linhagem
real e sobrenomes tipo Forbes
e Trump também valem.
"Não sou artista nem milionária, mas falo inglês fluentemente e adoro viajar. Deve ser
por isso que me convidaram",
comemora uma estudante paulista, que pediu para não ser
identificada com medo de ser
banida do ASW, onde tem quatro amigos. "No Orkut tenho
mais de 300", diz.
As regras são claras. Quem
teve o privilégio de entrar numa comunidade tão restrita
não pode avacalhar. Por isso,
são proibidos perfis fakes, informações mentirosas e fuxicar
a página alheia.
Pouquíssimos têm direito a
convidar novos usuários. E pior
ainda: se fizer a íntima com os
famosos, será expulso. Foi o
que aconteceu com Talal bin
Laden, 22, que mora na Suíça.
Ele achou que poderia trocar
uma idéia com Paris Hilton e
perdeu de vez o acesso ao ASW.
"Temos que ser assim porque
queremos uma sociedade civilizada dentro do aSmallWorld e
a internet, definitivamente,
não é", disse por telefone ao
Folhateen Erik Wachtmeister,
que resolveu criar o site para
manter contato com os amigos
quando viajava.
Hoje, o ASW tem 300 mil
usuários. Um número pequeno perto dos cerca de 50 milhões,
que tanto o Facebook quanto o
Orkut têm. A diferença é que a
maioria deles tem despesas
mensais astronômicas e nasceu
em algum país da Europa (veja
quadro). Os brasileiros não
chegam nem a 1%.
Mais do que a troca de mensagens, o site disponibiliza serviços como guias de cidades,
endereços de lojas e salões de
beleza, a hora local das principais capitais e dicas de filmes e
viagens. A ferramenta "Geolocator" facilita encontros entre
os usuários. Vai dar um pulinho
em Hong Kong ou Paris na semana que vem? Digita lá que
você descobre quem estará na
mesma rota que você.
Nos fóruns, nada de debates
políticos acalorados. Ali, no lugar onde são divulgadas baladas
que acontecem pelos quatro
cantos do mundo, funciona
uma espécie de classificados.
Hoje tem gente atrás de uma
babá em Dubai, alugando mansões de cinema e até vendendo
uma ilha. De olho nessa clientela, marcas de luxo, como Cartier, Land Rover, Moët & Chandon e Montblanc, aproveitam o
espaço para anunciar seus produtos caríssimos.
"Uma afronta"
O advogado paulista Luciano
Santos nunca recebeu um convite para participar do ASW
nem sabe se tem algum amigo
lá, mas criou em setembro uma
comunidade no Orkut (com 12
integrantes até a semana passada) com o mesmo nome do site.
A diferença é que, lá, qualquer
um é aceito, independentemente do que tem na conta
bancária.
"Acho que reunir os ricos e
famosos é uma afronta à situação que vivemos no mundo
com miséria, pobreza e que gera violência e outros males", diz
o advogado, que é dono também das comunidades "Reforma Política" e "Lei 9840" (contra a corrupção eleitoral).
Mas, se um dia, por algum
acaso, aparecer um convitinho
na caixa postal de Luciano para
fazer parte desse clube privê?
"Eu recuso", garante.
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