São Paulo, segunda-feira, 04 de janeiro de 2010

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VOCÊ É O CONTISTA

Baseado em fatos reais

JOYCE ANDRADE
ESPECIAL PARA A FOLHA

Fui andando descompassadamente pelas ruas que agora já não agregam as crianças, pois bicicletas coloridas não fazem mais parte desse mundo em escala de cinza. Nos becos da favela, a água corre e o fedor é constante. As velhas bonecas, que há tempos eram sinônimo de diversão, estão sem suas cabeças, misturadas com a lama do caminho, do telhado e do piso dos barracos.
Olhei pela porta de um deles e vi uma garotinha que não tem mais tempo nem coragem de correr até a venda com o punhado de trocados para comprar balas sortidas. Isso porque o cara ao seu lado no sofá estropiado não deve ligar para a gravidade de seus desejos. Descobri em meu passeio que o morro é barato, sujo, governado por traficantes e tiros ao léu. Umas balas na cara do "alemão" ou para cima e aí está a simples paz. A paz que os outros sonham -e eu também- é muito complexa e custa caro. A fumaça continua indo e tapando a visão de quem passa.
Ou será que nós é que fechamos os olhos? Acordei debruçada em cima do noticiário policial.


JOYCE ANDRADE, 16, escreve no blog Fofocando Pensamentos: joys2.blogspot.com


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