São Paulo, segunda-feira, 05 de janeiro de 2009

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>> Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br

As celebridades e o jornalismo

QUANDO EU ERA baseado na Califórnia, e mesmo alguns anos depois de voltar para o Brasil, entrevistava celebridades a rodo. Tirando a Julia Roberts, abertamente escrota e agressiva com todo mundo, todas eram sempre pontuais e corteses. Só uma vez houve atraso. Brad Pitt chegou meia hora depois do horário e foi aos jornalistas, um a um, pedir desculpas.
Até hoje perguntam: o que você achou da Angelina Jolie? Como é a Cameron Diaz? O Leonardo di Caprio é bacana? E a Gwyneth Paltrow? Respondo que não sei.
Você fica cinco ou seis minutos diante dessas figuras. Quando chega para gravar, já está tudo armado. Luzes no esquema, maquiador ali ao lado da boneca (ou boneco), respostas protocolares... Não é fácil tentar fazer jornalismo, ou tirar impressões verdadeiras, num ambiente assim.
No começo, confesso, ainda me animava. Não durou muito para virar só trabalho. Lembro-me de um jornalista mexicano, com bigode de Salvador Dalí, vivendo em Los Angeles há anos, que detestava aquilo. "Eu odeio essa gente, odeio celebridades", bradava, com cara de tédio. Lembrei-me dessa época porque estou assistindo agora, na CNN, a um especial sobre a Rússia, apresentado pela Christiane Amanpour. Imagino que a Amanpour seja "ídala" de dez entre dez meninas que querem ser repórteres de TV. Tem um inglês elegantíssimo, é supercarismática, culta, manja de política internacional, cobriu guerras.
Mas... você viu essa mulher trabalhando ultimamente? Eu, que sigo a CNN direto, só lembro dela em chamadas, ou então como comentarista, no estúdio. Botar o pé na lama? Faz tempo. Aí fico com ideias de jerico. Imagino a Amanpour igual às celebridades de Hollywood. Chegando só na boa, com luz e maquiagem perfeitas e produtores que ninguém conhece ralando por ela. Começo 2009 desanimado com o jornalismo.

CD PLAYER

PLAY - "Parasites", The Soft Pack

Pós-pós-pós-punk de alta densidade, vindo da ensolarada San Diego. As músicas no MySpace são demais: www.myspace.com/thesoftpack.

EJECT - Soft Pack ter mudado de nome

Acredite: os caras do PLAY de hoje, até há dois meses, chamavam-se The Muslims (os muçulmanos). Alegam estar em "nova fase". Mancada.

EJECT - MPB sem Rogério Duprat

Adoro "Baby", de Caetano Veloso, pela delicadeza esparsa do arranjo original. Busquei versões novas no YouTube. Uma é uma montanha de cordas melosas, com o próprio CV. Outra, bossa nova de quinta, com Gal.


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