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MÚSICA
Aos 16 anos, Joss Stone é compa rada a vetera nas do gênero, mas diz que não quer se transf ormar em "uma Whitn ey Houst on"
SOUL de alma JOVEM
DO "INDEPENDENT"
Joss Stone tem apenas 16 anos e já está
sendo ouvida em cafés Starbucks espalhados por toda a Inglaterra. Vista em
pessoa, ela parece uma adolescente comum -ainda que seja bem mais bonita
do que a maioria-. Tem 1,72 m de timidez esbelta, cabelos longos partidos ao
meio e veste o que parecem ser as roupas
descartadas por seu namorado skatista.
Entretanto, em seu álbum de estréia,
"The Soul Sessions", que está sendo lançado agora no Brasil, ela soa como uma
verdadeira veterana do blues do Delta do
Mississippi. Já foi comparada, por exemplo, a Aretha Franklin. Quando as pessoas a elogiam, Stone gagueja e diz: "Eu
não me acho uma grande cantora, de jeito nenhum. É esquisito ouvir essas coisas, isso me deixa sem graça".
Mas ela já deve estar acostumada. Sua
turnê promocional pelos Estados Unidos -acompanhada por sua mãe e empresária, Wendy Stoker- já incluiu participações em todos os principais programas do país, na MTV e até na festa de
Elton John, em Los Angeles, logo depois
da entrega do Oscar.
O ator Tom Cruise e o músico Lenny
Kravitz estão entre seus fãs. Ela já cantou
para o cantor James Brown, o apresentador de TV David Letterman e para o presidente dos EUA, George W. Bush (duas
vezes). E, há pouco tempo também,
prestou o exame final do segundo grau
na Inglaterra.
O único problema é que a jovem cantora ainda não conseguiu superar a timidez
que, às vezes, a deixa paralisada. Quando
cantou no Ronnie Scott, um templo do
jazz londrino, subiu ao palco descalça,
olhou para o público com ar de apavorada e passou boa parte do tempo pedindo
desculpas. Mas o que lhe faltou em termos de presença de palco foi mais do que
compensado pela força da sua voz.
""Sempre cantei apenas por curtição,
então não sei bem explicar como cheguei
até aqui", diz. "Sei que tenho somente 16
anos, mas assinei meu contrato há dois.
E agora tenho tantas coisas para fazer
que quase não dá tempo para pensar.
Quando penso, percebo que tudo isso é
muito bizarro."
""Bizarro" pode não ser o termo mais
adequado, mas o fato é que a trajetória
seguida por Joss Stone até agora tem sido
incomum. Joscelyn Eve Stoker nasceu
em 1987 e foi criada em Ashill, no condado de Devon, na Inglaterra. Joss, como
foi apelidada, foi tremendamente influenciada pela coleção de discos de seus
pais, que incluía Beatles, Devo, Anita Baker e Tracy Chapman.
Há quatro anos, num sábado à noite,
Joss, então com 12 anos, estava assistindo a um programa de calouros na BBC
inglesa chamado "Star for a Night".
Achou que seria ótimo entrar na versão
infantil do programa, "Junior Star for a
Night". Ela foi ao programa e cantou
duas músicas, "Natural Woman", de
Aretha Franklin, e "On My Radio", de
Donna Summer.
Depois, quando lançou nos EUA o primeiro álbum com canções de rythmn
and blues dos anos 60, ela não apenas foi
elogiada como suscitou descrença. Como uma garota de 16 anos, branca, era
capaz de cantar blues daquela maneira,
tendo tão pouca experiência?
"Não tive problemas para cantar as
coisas que canto. Tenho algo a ver com
cada canção", explica.
Mesmo com "Dirty Man", que canta a
dor de uma mulher maltratada pelos homens?
"Já estive apaixonada", responde Joss.
No próximo semestre, ela pretende
voltar ao estúdio para produzir um segundo álbum, desta vez com canções
originais.
E, sobre o sucesso, ela comenta: ""A
idéia toda da fama é meio assustadora.
As divas do soul parecem sofrer muito.
Não quero virar alguém como Whitney
Houston."
Tradução de Clara Allain
THE SOUL SESSIONS. Artista: Joss Stone.
Gravadora: EMI. Preço: R$ 38
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