São Paulo, segunda-feira, 05 de abril de 2004

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02 NEURÔNIO

Síndromes DIGITAIS

JÔ HALLACK
NINA LEMOS
RAQ AFFONSO

COLUNISTAS DA FOLHA

Sim, amamos a tecnologia. Temos celulares, várias contas de e-mail, serviço de mensagens, enviamos torpedo, queimamos CDs, pagamos contas pela internet. Até aí, lindo. Isso se a gente não fosse louca. Claro, porque todo esse bafafá tecnológico só serve para aumentar a nossa neurose. Como tudo, de resto. Por isso descobrimos que sofremos dos seguintes males:

A síndrome do e-mail maravilhoso
Quando você, sem nenhum motivo, começa a ter certeza de que vai receber uma mensagem incrível falando qualquer sandice: que uma prima distante de quem você nunca tinha ouvido falar lhe deixou uma herança, um convite para uma viagem sensacional ou até mesmo o e-mail mais maravilhoso de todos, com uma declaração de amor. Como a síndrome do e-mail maravilhoso não é fundamentada em acontecimentos reais -isto é, você não tem nenhuma prima desconhecida- essa mensagem salvadora nunca chega. A síndrome costuma acometer pessoas que passam o dia inteiro on-line em seus escritórios morrendo de tédio.

O mal da covardia digital
Você sempre quer resolver tudo por e-mail. Se você tem que enfrentar uma situação difícil -falar algo com um chefe, discutir com uma amiga, reclamar, se desculpar...-, você resolve tudo na sua caixa postal. Mesmo que a pessoa não esteja on-line e só vá ler o e-mail no ano que vem. Isso só vai agravando nossa dificuldade de nos relacionarmos. No futuro, a evolução do mal da covardia digital pode se transformar em algo horrível. Em vez de terem uma DR, por exemplo, os casais ficam lado-a-lado, cada um com seu laptop, trocando e-mails.

A dependência de serviços de mensagem instantânea
Esse vício é tão grave quanto a dependência de heroína. Ficamos o dia inteiro com o serviço ligado. Quando estamos concentradas no trabalho, várias janelas começam a abrir na nossa frente. Passamos a conversar com os amigos e deixamos de trabalhar. Em casos graves, ligamos o ICQ ou messenger em casa depois que chegamos do trabalho (onde não trabalhamos, apenas trocamos mensagens). Tudo piora, é claro, se temos um pretê com o mesmo serviço que a gente. Aí, nossa vida passa a ser dividida entre as horas em que ele entrou e as em que ele caiu. E muitas vezes temos mais de um pretê ao mesmo tempo. E quase morremos de ansiedade quando falamos com os dois. Fora que ainda podemos confundir as mensagens e... socorro!

Os amigos fotologgers
Mesmo quem não é fotologger tem algum amigo que é. E o que acontece? Nossa vida vira a música "Vogue", da Madonna. "Strike the Pose". Esses amigos não nos deixam relaxar, pois ficam o tempo todo, em festas, dizendo: "Sobe a cabeça, mais para a esquerda". E as pessoas ainda podem bisbilhotar (e bisbilhotam) a nossa vida com textos do tipo: "Ah, você tava na festa do fulano, vimos no fotolog x". O nome disso é invasão de privacidade.

A desconfiança da traição virtual
Como boas neuróticas, quando temos um pretê também viciado na internet, ficamos desconfiando de estarmos sendo traídas pela rede. Quando o nosso pretê fica horas trocando e-mails, passamos perto, dando uma olhadinha por cima do ombro, para ver o que ele está escrevendo. E, se vemos um "subject" com palavras de duplo sentido, aí a casa cai. Por isso, se você é menino e está lendo esta coluna, um conselho: nunca dê a senha do seu e-mail para a sua namorada! Ela vai espionar suas mensagens apesar de isso ser errado.

MOMENTOS DE HISTERIA
Uma caixa de entrada cheia é um bom caminho para um dia feliz



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