|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POLÍTICA
Parlamenteens
Projeto leva jovens à Câmara dos Deputados para propor, discutir e votar projetos de lei
DIOGO BERCITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Proposição, deliberação,
tramitação. As leis a que
você tem de obedecer
passam por um longo caminho
antes de serem para valer.
Esse trajeto o paulista Hermam dos Passos, 18, conhece
bem. Estagiário de corretora de
imóveis e ex-aluno de escola
pública, o garoto já viu de perto
a Câmara dos Deputados, em
Brasília. Esteve lá no ano passado, aprendendo na prática a
propor e a votar projetos de lei.
As atividades -simuladas, é
claro, já que o garoto não foi
eleito como os deputados-
eram parte do Parlamento Jovem Brasileiro (PJB), organizado pelo governo federal para
dar a alunos do terceiro ano do
ensino médio a chance de estarem perto da política.
"Eu não conhecia a política
desse jeito, não sabia que era
tão difícil", diz o rapaz.
Hermam ficou sabendo do
PJB assistindo à TV Câmara.
Mas, na época, as inscrições já
haviam se encerrado (para
2010, começaram ontem). Esperou por um ano.
Para se inscrever no PJB, o
estudante precisa propor um
projeto de lei e entregá-lo à sua
escola -é ela que vai encaminhar os textos à Secretaria de
Estado da Educação, que faz a
triagem dos projetos enviados.
São 78 participantes por ano,
vindos de todo o país. Cada Estado envia um número diferente de alunos, proporcional ao
número de deputados estaduais. São Paulo, por exemplo,
participa com 11 jovens.
Como se faz uma lei?
Já na fase inicial do evento os
participantes enfrentam dificuldades. Afinal, quem sabe como redigir um projeto de lei?
Edson Júnior, 18, estudante
de curso técnico jurídico vindo
de escola pública paulista, meteu a cara nos livros para se preparar. "Li muito sobre a Constituição brasileira."
O projeto de Edson era sobre
o ambiente, propondo a coleta
seletiva de lixo obrigatória em
instituições federais de ensino.
Durante a semana que passou no PJB, em Brasília, teve de
defender a proposta diante de
seus colegas "deputados", na
Câmara. Lá, a roupa social era
traje obrigatório para todos.
"Uma deputada [aluna] do
RJ vetou meu projeto, mas
consegui convencê-la e, depois,
foi aprovado", conta. "Ela disse
que o texto era inconstitucional, mas acho que ela não teve
tempo de analisar direito."
Para Bruno Dimarch, técnico
da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo que coordenou o PJB nos três anos anteriores, a atividade ensina muito
aos jovens. "Eles têm a oportunidade de conhecer a máquina
política como ela é -e só então
concordar com os estereótipos
a respeito dos políticos ou discordar deles", diz.
E, afirma, os jovens ensinam
muito de volta aos adultos.
"Eles têm uma postura ética
exemplar a qualquer um."
Texto Anterior: Monitor Próximo Texto: O caminho Índice
|