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FESTIVAL
Festival dedicado à eletrônica traz o outro lado da cena
Música como arte sônica
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é por capricho que um festival dedicado à música eletrônica
dá a suas atrações o título de arte
sônica. A pretensão surge no momento em que o gênero atinge seu
ponto de saturação e suas qualidades passam a ser questionadas. É
música para dançar? É música de
computador? É música boa? A segunda edição do festival Hype responde: "não necessariamente".
O evento, que acontece de terça
(6/5) a sábado (10/5), no Sesc Pompéia, foge do hedonismo típico do
som das pistas em busca de novas
plataformas sonoras, repletas de
ruídos, experimentação e mistura
de tendências. Tudo isso, obviamente, exige ouvidos mais atentos.
Os preguiçosos que se conformem
com as músicas de FM ou com o
Skol Beats.
A mostra "Klangscape" (paisagem alemã), uma parceria do Sesc
com o Instituto Goethe, abre o festival na terça (6/5), apresentando
dois artistas (Ellen Allien e Laub) da
eletrônica daquele país.
Allien, que também tocou no festival Eletronika, em Belo Horizonte, é DJ e produtora. Partidária da
chamada "laptop music" (música
feita em computadores) e da abstração que o poder dos processadores atuais permite, ela defende o caráter democrático da música eletrônica. "Os artistas usam as mesmas ferramentas. Não há quem seja
mais privilegiado nesse sentido. O
que interessa na eletrônica é a idéia
por trás da música. E essa democracia básica me permite ser independente e construir algo que não é comum nem feito para as massas. É
uma abstração da minha vida", explica Allien ao Folhateen. Desde 99,
a produtora tem seu próprio selo
(BPitch Control), cujo mais recente
lançamento, seu terceiro disco,
"Berlinette", Allien chama de "diário". No show, ela promete misturar música do novo disco a canções
do álbum de remix "Weiss Mix",
lançado pela Zomba Records.
Na quarta (7/5), às 20h30, é a vez
do projeto Rubin Steiner, do francês Fred Landier, que aproxima a
estrutura do hip hop ao suingue do
jazz. Oportunidade para conhecer
ao vivo seu ótimo CD "Wunderbar
Drei", lançado quase em silêncio no
Brasil em 2002.
A noite de quinta (8/5) do Hype
será embalada pela atração mais
pop do evento, o duo franco-germânico Stereo Total, que faz um
som de influências tão distantes
quanto Serge Gainsbourg e new
wave, disco e punk rock.
A dupla acaba de lançar, pelo selo
Bizarre, uma coletânea exclusiva
para os brasileiros, com direito a letra em português para o hit "L'Amour à 3", chamada "Party Anticonformista".
Sexta (9/5) é o dia reservado à eletrônica nacional, com a apresentação do grupo LCD e de José Mojica
Marins, o Zé do Caixão. Contrariando a teoria de democracia da
eletrônica proposta por Allien, o
trabalho do LCD é quase uma sátira
à "laptop revolution": eles utilizam
computadores obsoletos, sintetizadores e engenhocas construídas por
eles mesmos utilizando fios, telefones, aparelhos de rádio antigos etc.
O grupo fará trilhas incidentais ao
vivo para filmes de Zé do Caixão
projetados durante a apresentação.
A última noite é reservada para
uma homenagem a Walter Franco,
que apresentará com sua banda as
músicas de "Revolver", disco de
1976, que traz recursos eletrônicos
da época, como loops de fitas e sintetizadores.
O Estúdio Bijari apresentará sets
de áudio e vídeo e os VJs Palumbo,
Spetto, Doova e Embolex mostrarão
vídeos inéditos.
(FERNANDA MENA)
Hype - de terça (6/5) a sáb. (10/5) no Sesc
Pompéia - choperia (r. Clélia, 93, tel. 3871-7700), às 20h30. Ingr.: R$ 7,50 a R$ 15.
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