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São Paulo, segunda-feira, 05 de maio de 2003

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FESTIVAL

Festival dedicado à eletrônica traz o outro lado da cena

Música como arte sônica

DA REPORTAGEM LOCAL

Não é por capricho que um festival dedicado à música eletrônica dá a suas atrações o título de arte sônica. A pretensão surge no momento em que o gênero atinge seu ponto de saturação e suas qualidades passam a ser questionadas. É música para dançar? É música de computador? É música boa? A segunda edição do festival Hype responde: "não necessariamente".
O evento, que acontece de terça (6/5) a sábado (10/5), no Sesc Pompéia, foge do hedonismo típico do som das pistas em busca de novas plataformas sonoras, repletas de ruídos, experimentação e mistura de tendências. Tudo isso, obviamente, exige ouvidos mais atentos. Os preguiçosos que se conformem com as músicas de FM ou com o Skol Beats.
A mostra "Klangscape" (paisagem alemã), uma parceria do Sesc com o Instituto Goethe, abre o festival na terça (6/5), apresentando dois artistas (Ellen Allien e Laub) da eletrônica daquele país.
Allien, que também tocou no festival Eletronika, em Belo Horizonte, é DJ e produtora. Partidária da chamada "laptop music" (música feita em computadores) e da abstração que o poder dos processadores atuais permite, ela defende o caráter democrático da música eletrônica. "Os artistas usam as mesmas ferramentas. Não há quem seja mais privilegiado nesse sentido. O que interessa na eletrônica é a idéia por trás da música. E essa democracia básica me permite ser independente e construir algo que não é comum nem feito para as massas. É uma abstração da minha vida", explica Allien ao Folhateen. Desde 99, a produtora tem seu próprio selo (BPitch Control), cujo mais recente lançamento, seu terceiro disco, "Berlinette", Allien chama de "diário". No show, ela promete misturar música do novo disco a canções do álbum de remix "Weiss Mix", lançado pela Zomba Records.
Na quarta (7/5), às 20h30, é a vez do projeto Rubin Steiner, do francês Fred Landier, que aproxima a estrutura do hip hop ao suingue do jazz. Oportunidade para conhecer ao vivo seu ótimo CD "Wunderbar Drei", lançado quase em silêncio no Brasil em 2002.
A noite de quinta (8/5) do Hype será embalada pela atração mais pop do evento, o duo franco-germânico Stereo Total, que faz um som de influências tão distantes quanto Serge Gainsbourg e new wave, disco e punk rock.
A dupla acaba de lançar, pelo selo Bizarre, uma coletânea exclusiva para os brasileiros, com direito a letra em português para o hit "L'Amour à 3", chamada "Party Anticonformista".
Sexta (9/5) é o dia reservado à eletrônica nacional, com a apresentação do grupo LCD e de José Mojica Marins, o Zé do Caixão. Contrariando a teoria de democracia da eletrônica proposta por Allien, o trabalho do LCD é quase uma sátira à "laptop revolution": eles utilizam computadores obsoletos, sintetizadores e engenhocas construídas por eles mesmos utilizando fios, telefones, aparelhos de rádio antigos etc.
O grupo fará trilhas incidentais ao vivo para filmes de Zé do Caixão projetados durante a apresentação.
A última noite é reservada para uma homenagem a Walter Franco, que apresentará com sua banda as músicas de "Revolver", disco de 1976, que traz recursos eletrônicos da época, como loops de fitas e sintetizadores.
O Estúdio Bijari apresentará sets de áudio e vídeo e os VJs Palumbo, Spetto, Doova e Embolex mostrarão vídeos inéditos. (FERNANDA MENA)


Hype - de terça (6/5) a sáb. (10/5) no Sesc Pompéia - choperia (r. Clélia, 93, tel. 3871-7700), às 20h30. Ingr.: R$ 7,50 a R$ 15.


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