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ESTANTE
A conquista do direito à arte, na marra, em uma sociedade desigual
A regra geral da criação artística
numa sociedade desigual como a
nossa costuma ser a de produzir para os de cima, que são os que consomem, têm estudo e consideram a
arte um bem importante. São raros
os casos em que essa barreira social
é rompida para dar amplo acesso ao
patrimônio cultural ou para permitir o enunciado artístico dos pontos
de vista dos que não têm meios.
Quando essa barreira cai, aparece
coisa boa. Pense no Aleijadinho,
pense em Pixinguinha, em Chiquinha Gonzaga, em Machado de Assis, todos eles originalmente pobres,
negros ou mulatos, para os quais a
regra seria viver e morrer em silêncio, mas que conseguiram ultrapassar dificuldades e conquistar o direito à arte.
Em nosso tempo, as chances de
expressão para os pobres, os miseráveis, os que podemos chamar genericamente de marginais até existem, mas quase sempre se resumem
ao mundo da música pop, ao rap, ao
samba. Na literatura, quantas são as
chances? Então é de conferir a iniciativa de Ferréz, que já publicou livros, milita no mundo cultural e
agora está organizando a edição de
número especial da revista "Caros
Amigos", com o título "Literatura
Marginal - Ato 2".
São poemas, contos, crônicas e
depoimentos diretos de gente que
mora na periferia de São Paulo ou
em outras cidades do país. Gente
que abre a boca para fazer literatura,
que quer vida melhor, e merece isso.
E-mail: fischerl@uol.com.br
"Literatura Marginal - Ato 2"
Organização: Ferréz
Editora: Casa Amarela
Quanto: R$ 5,50
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