São Paulo, segunda-feira, 05 de novembro de 2007

Texto Anterior | Índice

Escuta aqui

>> Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br

O intenso Joe Strummer

PENSEI PRIMEIRO em "íntegro". Depois, em "honesto", "obsessivo", "incansável", até "maluco". Mas o que resume a história toda é "intenso". Falo de Joe Strummer (1952-2002), ou melhor, de seu perfil traçado pelo livro "Redemption Song -The Ballad of Joe Strummer", do jornalista inglês Chris Salewicz. Joe era um dos vocalistas e a face mais visível do Clash, a crucial banda punk londrina dos anos 70/80.
Em 600 páginas, Salewicz disseca a vida de Strummer. Da infância de classe média, em diversos pontos exóticos do planeta (nasceu na Turquia; era filho de um funcionário do corpo diplomático inglês), à adolescência num colégio interno (experiência traumática), à reinvenção na idade adulta, como porta-voz de uma geração.
O Strummer que emerge do livro é um ser de intensidade 100%. Compositor ultraprolífico, amigo fiel e grudento, conquistador compulsivo, bebedor inveterado... quase um chato.
O Strummer dessa biografia também é brutalmente humano. Sem rumo e arrependido depois de expulsar o parceiro Mick Jones do Clash (Jones era o gênio musical da banda). Inseguro, pós-Clash, depois de alguns anos no semi-anonimato. Incapaz de controlar o uso colossal de álcool, maconha e, a partir dos anos 90, de drogas sintéticas.
"The Ballad of Joe Strummer" tem um tom muito diferente do livro mais conhecido sobre o Clash, "Last Gang in Town", de Marcus Garvey, que traz um tom meio ridículo de denúncia. Joe não teve infância pobre! Mick Jones era obcecado com cabelo e roupas! O baixista Paul Simonon entrou na banda sem saber tocar só porque era bonito!
Já a biografia de Salewicicz demonstra muito mais maturidade na análise do rock como fenômeno, da criação de movimentos e da construção de mitos.
Não sei se existe lei contra recomendar um livro de 600 páginas, em inglês, num caderno destinado a adolescentes. É o que faço agora.

CD PLAYER

PAUSE: Hot Chip no Tim de SP
Acho a banda muito boa, mas não pertence a um lugar gigantesco.

EJECT: Spank Rock no Tim de SP
Um grupo negro, de percussão, com ginga e grooves de, sei lá, finlandeses.

EJECT: Björk no Tim de SP
Não consigo imaginar algo mais inapelavelmente chato do que Björk.


Texto Anterior: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.