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>> Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br
O intenso Joe Strummer
PENSEI PRIMEIRO em
"íntegro". Depois, em
"honesto", "obsessivo", "incansável", até "maluco". Mas o que resume a história toda é "intenso". Falo
de Joe Strummer (1952-2002), ou melhor, de seu
perfil traçado pelo livro "Redemption Song -The Ballad
of Joe Strummer", do jornalista inglês Chris Salewicz.
Joe era um dos vocalistas e a
face mais visível do Clash, a
crucial banda punk londrina
dos anos 70/80.
Em 600 páginas, Salewicz
disseca a vida de Strummer.
Da infância de classe média,
em diversos pontos exóticos
do planeta (nasceu na Turquia; era filho de um funcionário do corpo diplomático
inglês), à adolescência num
colégio interno (experiência
traumática), à reinvenção
na idade adulta, como porta-voz de uma geração.
O Strummer que emerge
do livro é um ser de intensidade 100%. Compositor ultraprolífico, amigo fiel e grudento, conquistador compulsivo, bebedor inveterado... quase um chato.
O Strummer dessa biografia também é brutalmente humano. Sem rumo e arrependido depois de expulsar o parceiro Mick Jones
do Clash (Jones era o gênio
musical da banda). Inseguro, pós-Clash, depois de alguns anos no semi-anonimato. Incapaz de controlar
o uso colossal de álcool, maconha e, a partir dos anos
90, de drogas sintéticas.
"The Ballad of Joe Strummer" tem um tom muito diferente do livro mais conhecido sobre o Clash, "Last
Gang in Town", de Marcus
Garvey, que traz um tom
meio ridículo de denúncia.
Joe não teve infância pobre!
Mick Jones era obcecado
com cabelo e roupas! O baixista Paul Simonon entrou
na banda sem saber tocar só
porque era bonito!
Já a biografia de Salewicicz demonstra muito mais
maturidade na análise do
rock como fenômeno, da
criação de movimentos e da
construção de mitos.
Não sei se existe lei contra
recomendar um livro de
600 páginas, em inglês, num
caderno destinado a adolescentes. É o que faço agora.
CD PLAYER
PAUSE: Hot Chip no Tim de SP
Acho a banda muito boa, mas não
pertence a um lugar gigantesco.
EJECT: Spank Rock no Tim de SP
Um grupo negro, de percussão, com
ginga e grooves de, sei lá, finlandeses.
EJECT: Björk no Tim de SP
Não consigo imaginar algo mais
inapelavelmente chato do que Björk.
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