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MÚSICA
Condenada pela indústria fonográfica e adorada pelos indies, internet dá visibilidade a uma nova geração de bandas, que, mesmo tendo discos independentes lançados, estimulam download de suas músicas na rede
Ataque fulminante
Eduardo Knapp/Folha Imagem
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A banda Dance of Days |
LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se, para grandes gravadoras, MP3 (arquivo de música digital) e sites de
busca de músicas na internet são vilões na luta contra a pirataria, para bandas
independentes, eles podem ser o passaporte para o sucesso. Graças a esses recursos,
muitos artistas conseguem sair do anonimato, conquistar fãs fiéis e lotar shows.
Na Europa e nos Estados Unidos bandas
como Arctic Monkeys e Clap Your Hands
Say Yeah viraram febre e conquistaram a
mídia especializada tendo como principal
ferramenta de divulgação a internet.
O Brasil também já tem seus fenômenos. Além do "hype" Cansei de Ser
Sexy, que foi tema de uma matéria
elogiosa no jornal inglês "The Observer" antes mesmo de lançar oficialmente seu primeiro disco, há
uma infinidade de bandas iniciantes (e outras nem tão iniciantes assim) que estão conquistando um
público cada vez maior com uma
estratégia muito simples: disponibilizar músicas na web, criar
comunidades no orkut e fotologs
e alimentar o boca a boca virtual.
O mais recente sucesso virtual brasileiro é
um trio curitibano que mistura o batidão
do funk carioca com samples de bandas de
rock, como AC/DC e Alice in Chains, e letras engraçadas sobre temas escatológicos.
Os hits: "Melô do Vitiligo", "Dança da Ventuinha", "Melô do Tabaco" e "Cai Nimim".
Formado há pouco menos de um ano por
dois DJs e uma cantora, o Bonde do Rolê
começou, como dá para perceber pelos títulos das canções, como uma brincadeira
despretensiosa. "A gente montou [o grupo]
na base da piada", confessa Rodrigo Antunes, 25, um dos DJs.
As músicas, compostas e gravadas no
computador de Rodrigo, foram disponibilizadas no site myspace.com em abril do
ano passado, com o único objetivo de poupar trabalho aos integrantes. "Os amigos
pediam para a gente mandar as músicas
por e-mail. Ficava mais fácil jogar tudo
num site, para as pessoas procurarem."
Há alguns meses, as faixas caíram nas
mãos do DJ e produtor norte-americano
Diplo, entusiasta do funk carioca, que decidiu inaugurar seu selo independente, Mad
Decent, com um disco do trio. Ainda neste
mês, ele quer lançar um EP do grupo em vinil e, até julho, um disco, nos EUA.
Outro sucesso da internet, a banda paulista de powerpop Drosóphila, também diz
que não precisou se mobilizar muito para
multiplicar os fãs. "A gente só colocou as
músicas na internet e cruzou os dedos",
conta a vocalista Ana Luiza Pimentel, 22.
Depois de disponibilizar o repertório do
primeiro disco independente na rede, a
banda, que até então só tocava em São Paulo, passou a receber propostas para se apresentar em outros Estados, como Pará e Bahia. Os shows só foram possíveis graças à
mobilização dos fãs, que conheceram a
banda pela internet e fizeram contatos com
casas noturnas nas suas cidades.
Para o grupo de hardcore melódico Nx
Zero, a web ainda tem outra vantagem. Em
pleno processo de pré-produção do segundo disco independente, a banda decidiu
testar o repertório do CD. Desde o ano passado, eles gravam e jogam na rede algumas
músicas, para conferir o retorno dos fãs.
"Acho que 90% do nosso público foi formado na internet. É uma galera jovem, ligada em tecnologia", conta o baterista Daniel
Weksler, 20. Além do site, o Nx Zero tem
fotolog e comunidades no orkut (só a oficial tem mais de 18 mil membros).
Veteranos na cena hardcore, o Dance of
Days já tem quatro discos lançados de forma totalmente independente, sem ter o suporte de um selo e, mesmo assim, disponibiliza canções no site oficial da banda.
Para divulgar seus discos, o grupo criou
uma estratégia: pouco antes do lançamento, disponibiliza músicas inéditas em sites
acessados pelo público de hardcore. "É
uma maneira de despertar o interesse dos
fãs pelo CD novo", afirma o guitarrista
Marcelo Silva, 27.
Para Guilherme Klaussner, 23, guitarrista
do Flaming Moe, outra vantagem da internet é a redução de custos de prensagem e a
possibilidade de downloads ilimitados,
pois os discos saem com um número limitado de cópias. Formada em 2003, a banda
tem uma demo e participa de duas coletâneas totalmente virtuais, cujas músicas só
podem ser ouvidas e baixadas na rede. "Para nós, divulgar as músicas na internet é
uma prioridade", conta Guilherme.
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