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MÚSICA
Bandas brasileiras surgem no mercado indie europeu com teclados que marcaram a sonoridade do pós-punk dos anos 80
Escuridão eletrônica
LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL
Sons sintéticos saem da escuridão em
que a música eletrônica nacional se
encontra para ganhar luz do outro lado do Atlântico. Duas bandas nacionais
que cantam em inglês começam a aparecer
no mercado independente europeu com
sonoridade inspirada por teclados que foram usados por artistas do pós-punk e do
tecnopop inglês no início dos anos 80.
Há mais em comum. Tanto o trio franco-brasileiro de música eletrônica gótica 3
Cold Men quanto o quarteto mineiro de
electro Digitaria têm seus discos de estréia
lançados por dois selos alemães de música
underground.
Formado em São Paulo, em 1999, pelos
amigos Maurizio Bonito e Alex Twin e pelo
vocalista francês Franck Lopez, o 3 Cold
Men lança agora no Brasil seu segundo CD,
"Urban RMXS", que traz remixes das faixas do disco de estréia do trio, de 2004, ainda inédito em território nacional.
"A gente sempre teve melhor reação do
público lá fora do que aqui. A impressão
que passa é que você é mais bem aceito
quando faz primeiro um trabalho no exterior. É uma espécie de carta de recomendação", explica Maurizio, responsável pela
sonoridade eletrônica do 3 Cold Men.
Ele conta que, hoje, usar a palavra gótico
para descrever um estilo musical caiu em
desuso: ""Dark wave of romantic" é um termo mais apropriado, pois reúne tudo que é
meio underground, como os estilos industrial, EBM e gothic metal".
Segundo Maurizio, a diferença entre electro e a música eletrônica gótica dos anos 80
(o synthpop) "é que o electro é cínico, enquanto o synthpop é romântico".
"Há uma ligação, mas o pessoal da "dark
wave of romantic" prefere não incluir o
electro no termo, porque o estilo está na
mídia e não é mais underground."
Maurizio confessa que o visual gótico
exagerado do trio é mais uma adequação
ao estilo do que um modo de vida. "Pensamos no pacote completo. Se você faz uma
banda para um determinado setor da música, tem que ter a produção coerente."
Já o Digitaria prefere fugir do rótulo gótico, apesar de a sonoridade da banda e o visual dos integrantes terem a ver com o estilo. "O gótico é uma coisa que todos da banda gostam, mas não somos assim como o 3
Cold Men. É uma influência que existe, mas
é só uma das influências. Muitas bandas se
dizem electro gótico, que é uma coisa bem
segmentada, mas não é o nosso caso", explica o tecladista Danihell Albinati, que,
com Fabiano Fonseca, montou o quarteto.
"Nos anos 80, a coisa era mais romântica.
A música era feita para ouvir em casa. O
electro adiciona aos anos 80 uma coisa dos
anos 90, a de a música ter de servir para tocar na pista. Traz ainda a filosofia dos anos
00, de juntar todas as coisas."
O Digitaria, que toca no festival Campari
Rock, em abril, terá seu disco de estréia lançado neste ano na Europa, pelo selo International Deejay Gigolo, do alemão DJ Hell.
O disco já saiu no Brasil e o lançamento europeu coincidirá com a turnê que a banda
fará pela Europa em junho.
No mesmo mês, o 3 Cold Men será uma
das atrações do festival Wave Gotik Treffen, o mais importante evento gótico do
mundo, em Leipzig, na Alemanha.
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